sexta-feira, 27 de março de 2009

DVD: Wall-E, por Tiago Ramos


Título original: Wall-E (2008)
Realização: Andrew Stanton
Argumento: Andrew Stanton e Pete Docter
Elenco (vozes): Ben Burtt, Elissa Knight, Jeff Garlin, Fred Willard e Sigourney Weaver

O que nos chama imediatamente à atenção quando pensamos em Wall-E será a originalidade da temática e personagens escolhidas, que à partida dificilmente se tornariam objectos de afeição por parte do grande público. Logo de início, o filme não esconde as suas ambições de funcionar como um alerta para uma maior e melhor política ambiental mundial, ao escolher uma personagem cujo nome Wall-E é um acrónimo para Waste Allocation Load Lifter Earth-Class, ou seja, basicamente é um robô cuja tarefa é empilhar lixo.

Wall-E não é necessariamente um filme para crianças muito pequenas, visto que é de difícil compreensão ou pelo menos de compreensão linear, a mensagem ecológica que aborda. Ao explorar a temática consumista da sociedade humana e o sedentarismo/comodismo dos humanos de uma forma bastante subliminar em algumas ocasiões, assenta em trâmites políticos cuja compreensão é dificultada para alguns. Por outro lado, a dimensão humana narrada no argumento de Wall-E está longe de ser a (quase) perfeita que é descrita em filmes da Disney ou os mais recentes da Pixar. A ganância humana e as suas consequências são quase profetizadas, com imagens que todos nós conseguiremos vislumbrar daqui a uns anos.

É aí que a Pixar merece elogios, pois não teve medo em explorar vertentes menos utilizadas em filmes de animação, roçando até o cinema experimental, com pouquíssimos diálogos entre as personagens e muitos detalhes sociais e pormenores a piscar o olho a um público mais velho, que incluem (além da dimensão política ambientalista, já referida) semelhanças com 2001: Odisseia no Espaço, memórias antigas como cenas de Hello Dolly ou toda a tendência sonora e visualmente futurista semelhante aos filmes de ficção científica e até o típico sinal sonoro quando se inicia o sistema operativo Macintosh.



Wall-E e EVE (Extra-terrestrial Vegetation Evaluator) são personagens brilhantes no sentido em que, apesar das limitações naturais de um robô conseguir transmitir sinais de afecto para com o público, tornam-se das mais emotivas e bonitas da história do cinema de animação. O seu propósito não sai gorado, deixando muitos enternecidos devido à sua história de persistência e amor.

A nível técnico, Wall-E é praticamente perfeito, mas ainda está algo longe da perfeição de uma obra-prima, se bem que tal designação é subjectiva. Wall-E não me transmitiu a empatia a que alguns filmes de animação me habituaram, sendo que dentro destes parâmetros e excluindo a temática e a vertente técnica, o mais recente Bolt agradou-me bastante mais em termos de emotividade e espírito Disney.

De qualquer forma e tirando os gostos pessoais, não se deve, de forma alguma, desconsiderar Wall-E como o futuro dos filmes de animação e como um grande passo a nível cinematográfico, assente numa excelente campanha de marketing (que diga-se, acabou por ser o desencadear desta febre). Nunca é demais, mais uma vez, atentarmos na mensagem descrita no argumento e com ela, todos nós, aprendermos algo.

Classificação:

Extras:


  • BURN-E - A nova hilariante curta animação. Trazendo luz à Galáxia… Eventualment-E
  • “PRESTO” - Curta animação extraordinária de cinema
  • Cenas Eliminadas
  • O Som da Animação: como o som ajuda a criar mundos diferentes - O lendário designer de som Ben Burtt partilha os segredos da criação dos sons de WALL-E Comentário do realizador Andrew Stanton


Classificação dos Extras:

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