Realização: Paul Thomas Anderson
Argumento: Paul Thomas Anderson
Elenco: Julianne Moore, William H. Macy, John C. Reilly, Tom Cruise, Philip Baker Hall, Philip Seymour Hoffman , Jason Robards, Alfred Molina, Thomas Jane e Felicity Huffman
Paul Thomas Anderson surgiu como um realizador emergente no final dos anos 90, com Boogie Nights (1997). Apesar de ter sido muito bem recebido pela crítica e ter obtido três nomeações para os Óscares, foi dois anos mais tarde que o seu nome entrou na lista dos realizadores e argumentistas mais criativos de sempre.
Falamos claro de Magnólia, que deixou a sua marca no mundo do cinema, com um dos argumentos e realização mais espectaculares de sempre, difícil de digerir e cuja fama aumentou gradualmente com o tempo, atingindo a posição de filme de culto. Na época, Paul Thomas Anderson demonstrou estar longe do pensamento mainstream, o que deu origem a uma película à parte dos padrões sociais e culturais, numa história bastante crua, com inúmeras referências bíblicas e sobretudo que divide os cinéfilos.
Magnólia divide-se em múltiplas histórias e personagens, num único dia de acção, com uma grande constelação de estrelas do cinema. Apesar da trama intrincada, existe uma preocupação inicial em contextualizar as personagens relativamente ao argumento, numa espécie de apresentação. Posteriormente existe uma câmara que se passeia pela vida das personagens, numa espécie de trama episódica, numa aparente desconexão e aleatoriedade. A curiosidade é que nenhuma das personagens é secundária, tendo sido dado tempo necessário para que cada um assuma a importância necessária para a história num retrato realista da sociedade norte-americana de classe média alta. Em face desta aparente desconexão e narrativa complexa, o realizador tenta de certa forma aligeirar com recurso a movimentos bruscos de câmara, zooms e uma boa banda sonora, como Supertramp e Aimee Mann.
Aliado a todo este trabalho de realização junta-se uma excelente direcção de actores e alguns dos melhores desempenhos da história do Cinema. Tom Cruise tem aquela que foi apontada como a sua melhor prestação, uma espécie de guru do sexo e da conquista das mulheres, numa pose de certa forma excêntrica e neurótica, mas que esconde alguma consternação no que diz respeito ao seu passado. Julianne Moore apesar de ter uma das histórias substancialmente mais fracas do argumento, acaba por dar cartas consagrando-se como uma das actrizes mais completas da sua geração.
Magnólia é claramente um filme sobre a culpa, mas também sobre o poder da redenção e o arrependimento. O argumento é complexo tratado da corrosão da alma e a extrema necessidade de perdão, onde por vezes a morte é a única oportunidade de alívio. Tanto que a sobejamente comentada cena final - a chuva de sapos - sendo uma referência bíblica ao livro de Êxodo, torna-se uma espécie de catárse, como limpeza dos pecados e uma redenção final de todas as personagens.
Magnólia é um filme de culto, altamente simbólico, com uma moral fortemente enraigada, que aborda a temática da interligação entre vidas e como as alterações afectam várias vidas, num bonito tratado sobre a fragilidade.
Magnólia é claramente um filme sobre a culpa, mas também sobre o poder da redenção e o arrependimento. O argumento é complexo tratado da corrosão da alma e a extrema necessidade de perdão, onde por vezes a morte é a única oportunidade de alívio. Tanto que a sobejamente comentada cena final - a chuva de sapos - sendo uma referência bíblica ao livro de Êxodo, torna-se uma espécie de catárse, como limpeza dos pecados e uma redenção final de todas as personagens.
Magnólia é um filme de culto, altamente simbólico, com uma moral fortemente enraigada, que aborda a temática da interligação entre vidas e como as alterações afectam várias vidas, num bonito tratado sobre a fragilidade.
Magnolia rompe com a estética, cria uma estética, é uma estética. Uma obra-prima completa. E perfeita.
ResponderEliminarCumps.
Filipe Assis
CINEROAD - A Estrada do Cinema
Filipe Assis,
ResponderEliminarMagnolia é diferente de tudo o que já foi feito, não sendo por isso uma obra fácil de se ver. Mas é fantástica.