quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Moon - O Outro lado da Lua, por Carlos Antunes

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Título original:
Moon
Realização: Duncan Jones
Argumento: Duncan Jones e Nathan Parker
Elenco: Sam Rockwell, Kevin Spacey e Dominique McElligott

Num futuro não especificado, a humanidade mina a Lua para obter 70% da energia consumida na Terra.
Um homem sozinho - à parte o computador Gerty - vigia todo o processo durante os três anos do seu contrato que está prestes a terminar.
Mas a definição desse homem está prestes a ser questionada por si mesmo quando se dá uma descoberta singular.

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Este homem está transformado num serviço, numa peça da engrenagem, numa utilidade gasta e controlada para benefícios empresariais.
À medida que a descoberta disso mesmo ocorre, descobre-se também a dimensão da sua tragédia.
A sua distopia pessoal é a fonte da utopia energética em que o mundo parece ter-se confortavelmente instalado.
Mas nem uma nem outra são escolha dele, pois se ele se sujeitou àqueles três anos na Lua por motivos pessoais, não foi certamente ele a escolher tudo o resto.

http://www.scificool.com/images/2008/11/moon-movie-image-1.jpg

Moon é um pedaço de ficção científica directo e despojado de artifícios, disposto a apresentar o debate de ideias sobre o futuro que nos aguarda tendo por objectivo uma história humana e singular.
Um filme que coloca a nú as implicações da evolução presente enquanto permite à sua personagem o processo de descoberta e entendimento de si própria.
Até que ponto estaremos dispostos a fechar os olhos à tragédia humana singular?
Até que ponto o futuro se traduz na mecanização do ser humano?
Até que ponto estamos dispostos a viver na ignorância que tudo permite ao corporativismo?
Até que ponto tem de ser uma máquina a ganhar a consciência e a bondade de que parecemos tão facilmente dispostos a abdicar?

http://blog.nj.com/entertainment_impact_tv/2009/06/large_moon-rockwell-duncan-jones.jpg

Moon está muito mais perto da Ficção Científica que se fazia em décadas passadas do que aquela que agora se apresenta, auto-indulgente e satisfeita com os seus efeitos especiais.
Moon é muito mais despojado e, talvez por isso mesmo, muito mais credível.
A caracterização da base lunar evoca quase de imediato 2001: A Space Odyssey, lembrança que se vê reforçada pela condição de isolamento e a companhia do computador - neste caso um Gerty um pouco mais limitado mas nem por isso com menos personalidade.

http://www.daemonsmovies.com/wp-content/uploads/2009/04/moon_sam_rockwell1.jpg

Sam Rockwell sustenta o filme por si mesmo e contra si mesmo, o que é uma demonstração absoluta do seu talento.
Mesmo quando a voz de Kevin Spacey - acompanhado da inteligente alternância da expressão do Smile que representa Gerty - lhe responde, é Sam Rockwell que tem de fazer passar ali a dimensão da sua perplexa solidão.
A sua luta com as perturbações que o afectam poderia comparar-se à dimensão filosófica de Solaris, mas tem também implicações morais que se prolongam muito para lá do fim do filme.

http://martianchronicles.files.wordpress.com/2009/07/moon_movie.jpg

No entanto, toda a evocação de outros filmes não termina numa colagem ou numa repetição.
Moon é extremamente original e capaz, mas não tem medo de mostrar a sua genealogia.
Aliás, orgulha-se de mostrar que a tem, exactamente por ser um digno sucessor.
Há muito que um filme de ficção científica não tinha este efeito sobre o espectador.



http://thepasswordisswordfish.files.wordpress.com/2009/07/moon3.png?w=476&h=317

1 comentário:

  1. Tenho imensa curiosidade para ver o filme. Aliás, tenho-a desde que tomei conhecimento da sua existência. Infelizmente ainda não estreou por cá. Continuarei a aguardar.

    Abraço

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