Título original: The Hurt Locker
Realização: Kathryn Bigelow
Argumento: Mark Boal
Elenco: Jeremy Renner, Anthony Mackie, Brian Geraghty, Guy Pearce e Ralph Fiennes
Em Estado de Guerra a tensão é permanente, não só à conta das situações de guerra em que o perigo é evidente, mas também nos momentos de encontro - e confronto - dos membros da equipa.
Em Estado de Guerra a tensão é permanente, não só à conta das situações de guerra em que o perigo é evidente, mas também nos momentos de encontro - e confronto - dos membros da equipa.
Se, como o filma nos indica logo de início, "a guerra é uma droga", então é óbvio que estes homens estão em permanente procura de uma dose, nem que seja no momento e no local em que a paz deveria ser o mote.
Este homens precisam de viver com a adrenalina a pulsar-lhes nas veias, caso contrário poderão perceber que não é coragem que os move a cada encontro com a morte e falharem de forma irremediável.
Este homens precisam de viver com a adrenalina a pulsar-lhes nas veias, caso contrário poderão perceber que não é coragem que os move a cada encontro com a morte e falharem de forma irremediável.
Nessa busca de adrenalina está, acima de todos os restantes, claramente, o sargento William James, que se atira a cada situação como um maníaco, um pseudo-herói com um aparente desejo de morte.
Ou talvez não seja exactamente assim. Quando o vemos, num magnífico momento quase a terminar o filme, a olhar para uma aparentemente infinita prateleira de supermercado com caixas de cereais, percebemos que talvez aquilo que ele verdadeiramente procure seja a simplicidade da guerra: desarmar a bomba ou morrer, o que no fundo representa apenas uma única opção.
Se estes homens são treinados para a performance de algo assim, como podemos verdadeiramente esperar que eles se ambientem à sociedade que foram abandonando?
Ou talvez não seja exactamente assim. Quando o vemos, num magnífico momento quase a terminar o filme, a olhar para uma aparentemente infinita prateleira de supermercado com caixas de cereais, percebemos que talvez aquilo que ele verdadeiramente procure seja a simplicidade da guerra: desarmar a bomba ou morrer, o que no fundo representa apenas uma única opção.
Se estes homens são treinados para a performance de algo assim, como podemos verdadeiramente esperar que eles se ambientem à sociedade que foram abandonando?
Ele acaba por investir as suas emoções nas aparentemente mais insignificantes coisas, como a presença permanente à porta do quartel de um miúdo que vende DVDs piratas.
O que ele faz não é algo que se partilhe, mesmo que tenha o apoio de uma equipa à sua volta.
Ele está ali, sozinho perante a bomba, às vezes a peito aberto, aparentemente irresponsável, mas meticuloso como só o melhor pode ser.
Ele reconhece o pouco valor que as vidas têm naquele lugar e mesmo assim mais do que uma vez arrisca a sua por outra.
Ele não é um herói, é um profissional, solitário até ao fim.
O que ele faz não é algo que se partilhe, mesmo que tenha o apoio de uma equipa à sua volta.
Ele está ali, sozinho perante a bomba, às vezes a peito aberto, aparentemente irresponsável, mas meticuloso como só o melhor pode ser.
Ele reconhece o pouco valor que as vidas têm naquele lugar e mesmo assim mais do que uma vez arrisca a sua por outra.
Ele não é um herói, é um profissional, solitário até ao fim.
Kathryn Bigelow filma tudo isto com uma distinção a toda a prova, exigindo mesmo ao espectador que não está disposto a investir neste filme que se renda.
Aqui tudo é tão visceral - a interpretação de Jeremy Renner muito ajuda a isso - que não há forma de nos recolocarmos na sala de cinema senão quando as luzes se acendem.
Desde a primeira sequência que somo fantoches de um filme magistralmente escrito, dedicado às suas personagens e consciente da modulação que as vidas ali presentes sofrem.
Disse de O Dia da Saia, que era um falso entretenimento, o que também se aplica agora a Estado de Guerra, querendo com isso dizer que aqueles que quisessem ver apenas um filme de guerra sairão satisfeitos, mas aqueles que quiserem ver ainda algo mais sairão ainda mais satisfeitos.
E, por isso, este filme como o O Dia da Saia são dois dos melhores filmes deste ano, sem dúvidas de espécie alguma.
Aqui tudo é tão visceral - a interpretação de Jeremy Renner muito ajuda a isso - que não há forma de nos recolocarmos na sala de cinema senão quando as luzes se acendem.
Desde a primeira sequência que somo fantoches de um filme magistralmente escrito, dedicado às suas personagens e consciente da modulação que as vidas ali presentes sofrem.
Disse de O Dia da Saia, que era um falso entretenimento, o que também se aplica agora a Estado de Guerra, querendo com isso dizer que aqueles que quisessem ver apenas um filme de guerra sairão satisfeitos, mas aqueles que quiserem ver ainda algo mais sairão ainda mais satisfeitos.
E, por isso, este filme como o O Dia da Saia são dois dos melhores filmes deste ano, sem dúvidas de espécie alguma.
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