Realização: Lone Scherfig
Argumento: Lynn Barber e Nick Hornby
Elenco: Carey Mulligan, Olivia Williams, Alfred Molina, Cara Seymour, Emma Thompson, Peter Sarsgaard, Dominic Cooper e Rosamund Pike
Uma questão de educação. É como muitas vezes se resume - assim por alto, mas a tender para a razão - as nossas acções. A educação condiciona, de certo modo, aquilo que fomos mais tarde, aquilo que somos agora, aquilo que seremos no futuro. Nunca define, mas condiciona. E se a melhor educação é a teórica ou a educação da vida, isso só saberemos tentando, vivendo. E o resultado nunca será igual para todos.
É muito disto, mas com uma simplicidade desarmante e uma intenção nada panfletária, que Lone Scherfig nos traz uma nova longa-metragem, depois do sucesso de Wilbur Quer Matar-se e de um período em razoável anonimato. Na verdade, aquilo que a realizadora nos traz não é, em nada, original. Não é isso que esperamos quando vemos as primeiras imagens do de Uma Outra Educação. O que queremos e o que esperamos é que, da mesma forma, como as imagens que vemos são genuínas, assim também o se seja a narrativa. Porque o que encontramos aqui são os anos 60, nos subúrbios londrinos. Mas o que a adaptação de Nick Hornby (High Fidelity e About a Boy) das memórias da jornalista Lynn Barber nos traz está longe de retratar a segunda metade dessa década, por demais caracterizada e explorada no cinema, juntamente com a revolução cultural e social que se viva nessa época. Aqui o que temos, é o pós-guerra caracterizado pela inocência e pelo lirismo nas manifestações sócio-culturais e políticas. Aqui o que temos é o espírito naïve, um sentimento de simplicidade, de verdade, de norma.
Uma Outra Educação fala-nos de escolhas. Duas pessoas com caminhos diferentes. A educação académica. A educação da vida. O futuro regido pela segurança económica. O futuro regido pelo Amor. E se, precipitadamente, diríamos que facilmente saberíamos qual escolher, a verdade e que se nos apresenta de um modo muito simples é que nem tudo pode ser tão linear como gostaríamos. A vida não o é, o destino da jovem Jenny também não o é. Porque o condicionamento da sociedade pode influenciar muitas das nossas acções e porque raras vezes (para não dizer nunca) somos totalmente livres.
A realização de Lone Scherfig não tem pretensões a elevar-se a um drama poderoso. Subverte esse mesmo conceito de dramatização, em raras alturas demonstrando um crescendo de tensão e envolvência. Apoia-se em clichés do género, mas não soa a pretensioso e é precisamente essa naturalidade e realismo com que aborda a história que lhe permitiu alcançar o estrelato. E depois, toda a componente técnica e estética apoia-se nesse sentido realista da vida e da ambiência: desde a fotografia de John de Borman (Last Chance Harvey), aos cenários de Anna Lynch-Robinson (In Bruges), até ao guarda-roupa de Odile Dicks-Mireaux (The Constant Gardener).
Mas aquilo que suporta o filme é a soberba interpretação da jovem Carey Mulligan. Não são necessários grandes dramatismos ou demasiada teatralidade para um bom desempenho. A personagem da actriz oscila entre uma energia invejável, dotada de grande vitalidade, chegando a ser encantadora, para uma pessoa infeliz e decepcionada com a vida. Este sim é, para mim, o grande desempenho do ano e merecedor de um Óscar. Depois todo o elenco secundário está de parabéns: Peter Sarsgaard brilha no seu papel secundário (merecendo a nomeação mais que alguns outros nomeados), bem como Alfred Molina ou ainda os jovens Dominic Cooper e Rosamund Pike.
Uma Outra Educação toca pela simplicidade e porque há quem se identifique com ele. Os limites da idade, o condicionamento da educação, mas também as oportunidades dessa mesma educação. Porque todos aprendemos pelo Amor, porque todos aprendemos pela Dor. Porque o que quer que seja que façamos, tudo tem as suas consequências. Porque a vida se encarrega de nos ensinar.
Uma questão de educação. É como muitas vezes se resume - assim por alto, mas a tender para a razão - as nossas acções. A educação condiciona, de certo modo, aquilo que fomos mais tarde, aquilo que somos agora, aquilo que seremos no futuro. Nunca define, mas condiciona. E se a melhor educação é a teórica ou a educação da vida, isso só saberemos tentando, vivendo. E o resultado nunca será igual para todos.
É muito disto, mas com uma simplicidade desarmante e uma intenção nada panfletária, que Lone Scherfig nos traz uma nova longa-metragem, depois do sucesso de Wilbur Quer Matar-se e de um período em razoável anonimato. Na verdade, aquilo que a realizadora nos traz não é, em nada, original. Não é isso que esperamos quando vemos as primeiras imagens do de Uma Outra Educação. O que queremos e o que esperamos é que, da mesma forma, como as imagens que vemos são genuínas, assim também o se seja a narrativa. Porque o que encontramos aqui são os anos 60, nos subúrbios londrinos. Mas o que a adaptação de Nick Hornby (High Fidelity e About a Boy) das memórias da jornalista Lynn Barber nos traz está longe de retratar a segunda metade dessa década, por demais caracterizada e explorada no cinema, juntamente com a revolução cultural e social que se viva nessa época. Aqui o que temos, é o pós-guerra caracterizado pela inocência e pelo lirismo nas manifestações sócio-culturais e políticas. Aqui o que temos é o espírito naïve, um sentimento de simplicidade, de verdade, de norma.
Uma Outra Educação fala-nos de escolhas. Duas pessoas com caminhos diferentes. A educação académica. A educação da vida. O futuro regido pela segurança económica. O futuro regido pelo Amor. E se, precipitadamente, diríamos que facilmente saberíamos qual escolher, a verdade e que se nos apresenta de um modo muito simples é que nem tudo pode ser tão linear como gostaríamos. A vida não o é, o destino da jovem Jenny também não o é. Porque o condicionamento da sociedade pode influenciar muitas das nossas acções e porque raras vezes (para não dizer nunca) somos totalmente livres.
A realização de Lone Scherfig não tem pretensões a elevar-se a um drama poderoso. Subverte esse mesmo conceito de dramatização, em raras alturas demonstrando um crescendo de tensão e envolvência. Apoia-se em clichés do género, mas não soa a pretensioso e é precisamente essa naturalidade e realismo com que aborda a história que lhe permitiu alcançar o estrelato. E depois, toda a componente técnica e estética apoia-se nesse sentido realista da vida e da ambiência: desde a fotografia de John de Borman (Last Chance Harvey), aos cenários de Anna Lynch-Robinson (In Bruges), até ao guarda-roupa de Odile Dicks-Mireaux (The Constant Gardener).
Mas aquilo que suporta o filme é a soberba interpretação da jovem Carey Mulligan. Não são necessários grandes dramatismos ou demasiada teatralidade para um bom desempenho. A personagem da actriz oscila entre uma energia invejável, dotada de grande vitalidade, chegando a ser encantadora, para uma pessoa infeliz e decepcionada com a vida. Este sim é, para mim, o grande desempenho do ano e merecedor de um Óscar. Depois todo o elenco secundário está de parabéns: Peter Sarsgaard brilha no seu papel secundário (merecendo a nomeação mais que alguns outros nomeados), bem como Alfred Molina ou ainda os jovens Dominic Cooper e Rosamund Pike.
Uma Outra Educação toca pela simplicidade e porque há quem se identifique com ele. Os limites da idade, o condicionamento da educação, mas também as oportunidades dessa mesma educação. Porque todos aprendemos pelo Amor, porque todos aprendemos pela Dor. Porque o que quer que seja que façamos, tudo tem as suas consequências. Porque a vida se encarrega de nos ensinar.
Classificação:
Vim aqui espreitar a tua critica Tiago e parece que estivemos em sintonia. Muito bom o texto, que concordo totalmente. A jovem Mulligan esteve bem em todo o filme e apreciei toda a contenção que a Olivia Williams dá à sua personagem, fazendo muito com muito pouco, que é um papel pequeno mas muito importante (vendo bem até só faltou referir isso no artigo). É um filme aparentemente sem nada de especial, muito sóbrio mas que se desenvolve de maneira muito cativante e nada enfadonho (que era o que me parecia).
ResponderEliminarJá o vi há algum tempo (meses) mas não é daqueles que se esquece.
É isso, é muito simples e sóbrio, mas é um dos meus filmes favoritos de 2010. Precisamente pelo desenvolvimento cativante e pelo brilhantismo dos actores. Tenho aqui o livro, mas ainda não tive oportunidade de o ler.
ResponderEliminar