quarta-feira, 26 de maio de 2010

Um Sonho Possível, por Carlos Antunes


Título original: The Blind Side
Elenco: Sandra Bullock, Tim McGraw, Quinton Aaron e Jae Head

Há filmes que se mostram logo como os mais desavergonhados e manipuladores melodramas, apelando à lágrima fácil à simpatia do espectador sem ter de investir demasiado na qualidade cinematográfica.
The Blind Side inscreveria-se precisamente nessa categoria não fosse o trabalho de Sandra Bullock.


A haver uma justificação para o Oscar que ela recebeu é, exactamente, o facto de ela salvar um filme da irrelevância.
Dando o seu melhor a um papel que nem sequer pretendia, ela eleva o filme.
Sem ela isto não passaria de matéria para encher programação de Domingo num canal televisivo, mas com ela o filme merece um olhar mais sério, um olhar disposto a ver um trabalho que tem mais inteligência do que sentimentalismo.


O filme desenrola-se como uma discreta reflexão sobre os limites da bondade e do interesse humano.
Que uma pessoa possa merecer afecto e possa aspirar ao sucesso sem que para tal seja necessário que os que o rodeiam pretendam algo dela é aquilo que parece ser genuinamente impossível de acreditar, mesmo que seja possível de sentir.


Não há aqui "coitadinhos", nem "bonzinhos". Na verdade o filme centra-se na personagem que luta, sem uma razão perfeitamente definida, por uma causa que não precisa, que só lhe parece perturbar a vida... Até que finalmente se revela a pequena maravilha que o acaso tinha reservado.
Essa personagem em que tudo se centra é interessante, não é apenas uma representante de sentimentos de elevação.
E assim se faz um filme que tinha tudo para irritar o espectador sobressair da mediania generalizada.



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