sexta-feira, 25 de junho de 2010

Sem Nome, por Carlos Antunes


Título original: Sin Nombre
Realização: Cary Fukunaga
Argumento: Cary Fukunaga
Elenco: Kristian Ferrer, Edgar Flores e Paulina Gaitan

Sin Nombre é um filme de prestígio (crítico?) para o estúdio que o apoia. Uma demonstração da consciência que o estúdio tem das geografias, das vidas e da cinematografias menos afortunadas.
Como uma benção consentida a um mundo que não tem a possibilidade de chegar ao que o estúdio representa.
E a história do filme é precisamente essa, a procura de alcançar ou reproduzir um mundo que os menos afortunados apenas vislumbram pelos ecrãs.


O filme transporta as suas duas personagens por um realismo que se cultiva pelo exotismo dos aspectos mais enérgicos e distintos que consegue encontrar, em parte negando-se a si mesmo.
Os ambientes de pobreza desesperada e de criminalidade fascinante cruzam-se entre países e opções de vida, como se cruzam com menos espanto nas vidas quotidianas banais e locais.
O que aqui se mostra é mais um destino de encontro entre vidas de países distintos que caminham, afinal, para as mesmas eventualidades.


Só que as personagens estão ambas obrigadas a atingirem o ponto de intersecção e depois de ruptura. Algo que, como nos é dito, até foi previsto por uma bruxa.
Há um destino traçado para as personagens e elas cumprem-no à risca. A narrativa é maniqueísta como a de uma qualquer novela, apenas se resguardando na ideia de realismo seco mas atraente para disfarçar tal ideia.
Apenas aqueles que não viram já este género de , onde os actores não são mais do que representantes de um objectivo. Um deles faz de sobrevivência da Esperança, o outro da inevitabilidade da Perdição.
Ainda que se espere que eles representem a diversidade que os que vivem confortavelmente e podem frequentar o cinema não conhecem, eles parecem reduzir-se a um estereótipo sistemático das mesmas ideias - caso flagrante o de Paulina Gaitan que, mais pormenor menos pormenor, já encarnava a mesma ideia geral da jovem rapariga de países pobres em Trade.


Quem nunca viu um filme nascido a sul de Hollywood poderá ainda achar que este Sin Nombre traz algo de distinto, mas a maioria do público, mesmo o que só tem acompanhado a pouca cinematografia brasileira que estreia por cá, verá que estes filmes, independentemente do país de origem, se cristalizaram em estilo e em forma.
O prestígio que eles podem trazer aos estúdios obriga-os a corresponderem às expectativas do público que poderiam querer surpreender.



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