sexta-feira, 29 de outubro de 2010

[REC] 2, por Carlos Antunes


Título original: [REC] 2
Realização: Jaume Balagueró e Paco Plaza Elenco: Claudia Silva, Ferran Terraza, Manuela Velasco, David Vert e Jonathan Mellor

Sou um detractor de [REC] com a dose de animosidade que isso me valeu. Não encontrei nele nem sustos nem cinema, o que é o mesmo que dizer que não lhe encontrei nada.
Com esta sequela não sou tão afirmativo da minha percepção.


Neste caso começam a surgir traços de personagens. O padre com uma missão, a própria rapariga Medeiros.
Não são sólidos nem suficientes para satisfazerem uma exigência cinematográfica, mas num filme que é todo ele um truque, de certa forma aceita-se que sejam ténues as suas presença.
Começam a ter uma história, começam a ter uma base onde se movimentar, mesmo que esta seja uma história vulgarizada ao longo dos anos que se limita a misturar elementos de dois géneros há muito instalados em definitivo no cinema de terror, mais exactamente desde que o final dos anos 1960 estreou a primeira obra de Romero e no início dos anos 1970 chegou O Exorcista.


Isto não impede que a estrutura narrativa do filme seja fraca, moldada ao gimmick do filme em vez de abrir caminhos para ele.
Quero com isto dizer que, perante o assumir de uma forma de apresentar o filme, a narrativa teria de ser muito mais incisiva do que é.
Continua a haver um desleixo - embora menor quando comparado ao filme anterior - de quem escreve, desinteressados que estão da solidez do argumento quando o truque de câmara lhes garantirá a venda de bilhetes independentemente do trabalho feito a montante da filmagem.


Por outro lado é preciso reconhecer o esforço colocado na articulação dos momentos de câmara.
Embora se sujeite o olhar de cada momento às necessidades visuais, há pelo menos o esforço em fazer variar a perspectiva e multiplicar os caminhos por onde a câmara circula e a forma como ela é dominada pelo grupo que a maneja.
O problema desta montagem, a par com a tentativa de construção de uma história explicativa, está na forma como reduz o número e a variedade de sustos que atraíram o público ao primeiro filme e que, por isso mesmo, o podem agora afastar pela diferença operada.


Claro que sobra a questão essencial sobre estes dois filmes, que sem o artifício da câmara na primeira pessoa, serem facilmente reduzidos - já com boa margem de manobra - a meia hora cada um.
Ou seja, com a possibilidade de isto se tornar numa trilogia, é provável que um único filme pudesse ter arrumado a questão de forma satisfatória e com uma (mais) fácil aceitação do gimmick.



2 comentários:

  1. Esta é uma daquelas famosas trilogias de 4... "Rec Genesis" (Plaza) e "Rec Apocalypse" (Balagueró) estão confirmados.
    http://antestreia.blogspot.com/2010/10/rec2-por-nuno-reis.html

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  2. Nuno, pelo que eu entendo, trata-se de uma trilogia + prequela e não "trilogia de 4".
    Achoo que ainda mais famosas são os dípticos transformados em trilogia por mera divisão de um filme ao meio.
    ;)

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