quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Universo Paralelo, por Carlos Antunes


Título original: Pandorum
Realização: Christian Alvart
Argumento: Travis Milloy
Elenco: Dennis Quaid, Ben Foster e Cam Gigandet

Moon é um dos grandes filmes de ficção científica de anos recentes muito simplesmente porque explora a incompreensão e o confronto entre o Homem e o Tempo que velozmente o ultrapassa.
Pandorum começa da mesma forma suportado na (mais uma) sólida interpretação de Ben Forster.
O seu confronto com o vazio da memória e a necessidade da construção do Homem a partir de uma temporária tabula rasa num mundo que se criou sem a sua intervenção são o início de um filme de uma dimensão filosófica incontestável.


O que vem em seguida contraria este incício. O filme enche-se de seres mutantes e torna-se em mais uma das versões desnecessárias de Alien.
Sente-se de imediato que se perdeu a hipótese de um intrigante filme para a acção e o terror com menos eficácia do que o possível.
Pois embora os ambientes severos e intimidantes criados por Christian Alvart se contem entre os melhores, a narrativa sobre a qual trabalha é mais do que confusa no seu contínuo geral explicativo, parece diversas vezes construído por sucessão de ideias soltas, potencialmente capazes de iniciar um bom argumento de filme, mas pequenas demais para algo mais do que irem servindo a encher o filme.


Há material suficiente para interessar o espectador e os fãs generalizados de ficção científica, mas o filme tem a insalubre intenção de enveredar para terrenos que explorem à descarada os cenários e os ambientes.
Vacila no foco que tinha sobre as personagens que são, tanto no início como no final, o melhor do filme.
Por isso não vai mais longe nos resultados e no gosto do público.



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