sábado, 4 de dezembro de 2010

Megamind, por Carlos Antunes


Título original:
Realização: Tom McGrath

Se olharmos para AntZ vemos um exercício de animação adulto cuja dúvida existencialista recaía bem sobre a escolha de Woody Allen.
O mais perto disso a que regressou foi com a subversão do primeiro tomo de Shrek que, depois, caiu novamente na convencionalidade disfarçada de alternativa.
Desde então a DreamWorks tem-se banalizado entre sequelas sem graça e histórias infantis que, a partir do mesmo modelo já gasto de Shrek, inserem referências para um público adulto (ininteligíveis para as crianças) que tentem colocar os filmes como transversais.


Megamind é mais um caso destes. Partindo do mito do Super-Homem e do seu total inverso, o filme tem material para trabalhar o acaso e o meio de inserção que molda a personalidade de alguém, sobretudo de alguém com super poderes.
Há alguns momentos dedicados a isso mas aquilo em que o filme se foca é nas necessidades humanas de afecto e na bondade
A maneira como chega a esse ponto é comum, previsível, com o vilão transformado em herói e revelando ao mundo que tem qualidades que nunca foram vistas porque o mundo se enche de preconceitos.


A história, como o efeito pretendido, são discerníveis muito antes do filme correr para o seu final e, por isso,
Para o público mais jovem pode ser muito divertido ver as batalhas mais ou menos caricatas mas, para o público adulto, já não chega colocar uma referência a Donkey Kong e outra a Obama, arranjar um “Padrinho do Espaço” que mescla Vito Corleone e Jar-El ou exibir um elenco de vozes sonante cujo efeito de reconhecimento dura apenas um momento.


Para um estúdio que já foi uma credível alternativa, um candidato a líder, ver agora que estreia filmes tão convencionais para manter uma posição de mercado é uma triste constatação.
Já se passava o mesmo com Monsters vs. Aliens, a ideia inicial prometia cinema, prometia memórias. E depois não as entregava.
Mesmo que a história estivesse sempre condicionada ao público mais novo, sentir o aroma irreverente da banda desenhada a ser invertida seria algo bem melhor do que este trabalho bem executado mas sem nada de novo.


1 comentário:

  1. Eu gostei dessa animação, Carlos, justamente por questionar o significado de heróis e vilões

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