sexta-feira, 18 de março de 2011

Secretariat, por Carlos Antunes


Título original: Secretariat
Realização: Randall Wallace
Argumento: Mike Rich e William Nack
Elenco: Diane Lane, John Malkovich, Dylan Walsh, Scott Glenn e James Cromwell

Antes de ir ver Secretariat tratei de passar pelo Youtube para saber quem fora este cavalo e para compreender o que me poderia interessar a sua história quando nunca segui o desporto hípico.
Vi as filmagens das suas corridas e fiquei a conhecer o seu percurso, arriscando assim tornar o visionamento do filme inútil.
Tal não aconteceu e, mesmo conhecendo o desfecho inevitável do filme, estive na sala interessado, emocionado e embrenhado.


O domínio emocional da história está perto de ser brilhante, dominando mesmo o espectador mais relutante que esteja na sala apenas para rever como ficção a história real que conhece.
Trata-se da elevação própria que os filmes de desporto parecem ser capazes de transportar, para lá da modalidade, para lá do conhecimento das regras, para lá da identificação com os executantes.
Trata-se de exaltar com a antecipação de algo mais que a vitória, a superação das probabilidades e dos limites.


O filme sublinha esse aspecto não só para um cavalo desvalorizado mas também para os personagens que o tratam.
A sua dona, mulher num meio de homens, e o seu treinador, saído de uma reforma depois de uma vida de derrotas, acabam por ver a vitória validá-los tanto quanto ao próprio cavalo.
Diane Lane e John Malkovich vêm em auxílio das suas personagens com interpretações aprazíveis e de alto nível. Tanto estes dois actores como os secundário não negligenciaram a construção das suas personagens que falam ao público para lá do desporto.
É também por eles que o filme dura duas horas, para dar retorno a estas interpretações.


O essencial não são estes actores, por mais que as suas presenças neste filme sejam assinaláveis.
As corridas, sobretudo a última obviamente, são muito bem filmadas, com um óptimo uso da montagem e do som.
A história e as interpretações convencem-nos da pertinência desta obra, mas seriam sempre secundarizadas pela essência desportiva da mesma. E esta sim, tem o poder do cinema.
Secretariat é um filme arrebatado pela paixão mas dominante sobre os seus efeitos e a sua sugestão.



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