sexta-feira, 10 de junho de 2011

X-Men: O Início, por Carlos Antunes


Título original: X-Men: First Class
Realização: Matthew Vaughn
Argumento: Ashley Miller, Zack Stentz, Jane Goldman e Matthew Vaughn 
Elenco: James McAvoy, Michael Fassbender, Kevin Bacon, Rose Byrne, Jennifer Lawrence, January Jones e Nicholas Hoult

X-Men: First Class é o único filme capaz de voltar a unir os espectadores à saga dos mutantes desde que Bryan Singer saiu da cadeira de realizador. Ou não fosse, igualmente, o seu regresso à escrita das histórias.
Aliás, creio mesmo que este filme está ao nível do primeiro, querendo com isto dizer que está longe de deslumbrar mas é altamente competente a preparar (neste caso, recuperar) um franchise.
Em muitos aspectos, até será mais agradável como filme de visionamento único do que X-Men. No outro era necessário montar um cenário que compusesse a totalidade das personagens de peso.
Aqui estamos perante diversas personagens que não chegarão à "idade adulta" da saga, podendo o filme focar-se nos dois amigos/adversários.
Magneto e Professor X e o arco narrativo da sua transformação de companheiros em adversários é a peça central do filme e a substância de drama humano no seio de um filme que acabará por se encher de (bons) efeitos à conta das suas personagens.
Com vantagem clara de Erik sobre Charles enquanto personagem composta como um todo - seja pelo seu passado mais duro, seja porque o vilão tem sempre predomínio na imaginação do público (a ferocidade de Ian McKellen ganha à serenidade de Patrick Stewart embora sejam actores de talento comparável), seja apenas porque Fassbender é melhor actor do McAvoy - este é um início rico para o "que virá a ser", mesmo sentindo-se que a pressa em fechar o arco num único filme foi inimiga de uma transformação mais demorada que daria gosto ver num próximo filme.
A par dessa relação há uma história inserida num mundo real cujo aproveitamente é perspicaz e efectivo. A crise dos misséis de Cuba vê-se aqui como um ponto fulcral que tornou a especulação dos anos 1950 na Guerra Fria, levando do medo exagerado a um descanso vigilante perante a ameaça nuclear legando ao mundo os "Filhos do Átomo".
A escolha do período histórico foi a melhor possível, estou em crer, e aquela que permitiu criar uma aventura com grande valor de entretenimento, mesmo se o público nada mais lhe quiser reconhecer.
Matthew Vaughn leva a aventura com estilo, salpicando a espionagem de James Bond nalguns ambientes e nos visuais e comportamentos dos seus personagens centrais.
Continua a ser um realizador de eleição para entretenimento com qualidade e a sua inserção no mainstream está concluída da forma mais rápida possível, o que agora dificulta que a irreverência retorne (ao contrário do que julgara em Kick-Ass) aos trabalhos do realizador.
Fica-se agradado com esta diversão e, não obstante os possíveis problemas cronológicos de manter duas sagas de mutantes em paralelo com uma delas progredindo em direcção à outra, com a expectativa de que ver o envolvimentos desta primeira equipa em outros eventos reais poderá ser muito interessante.
Tirando a primeira ida à lua de que Transformers 3 já se apropriou, há muito mais no cronologia da Guerra Fria disponível. Não se excluindo, quem sabe, uma equipa russa de mutantes.

Sem comentários:

Enviar um comentário