sexta-feira, 10 de junho de 2011

Thor, por Carlos Antunes


Título original: Thor
Elenco: Chris Hemsworth, Anthony Hopkins, Tom Hiddleston e Natalie Portman

Walt Simonson provou o contrário nos seus tempos de argumentista de The Mighty Thor (com space opera à mistura), mas para o cinema (sobretudo um primeiro filme), Thor é uma personagem limitada para ser protagonista.
Isso nota-se enquanto ele está no nosso planeta, servindo um humor básico de ET perante as convenções locais (mais o comic relief da personagem de Kat Dennings) que me parece francamente desrespeitoso para um Deus - e só piora lá para a frente quando os seus companheiros o buscam na Terra.
Tentou o estúdio seguir a pontuação de humor que serviu de fórmula a(os) Iron Man sem muito critério sobre as diferenças entre as duas personagens.
Isto é tanto mais evidente quanto as cenas passadas em Asgard são atractivas e inteligentes.
Aí, no triângulo dramático que se convenciona classificar como Shakespeariano, dois irmãos e o seu pai confrontam a divisão entre poder e responsabilidade, entre amor e aprovação.
Nesses momentos compreende-se a escolha de Kenneth Branagh para realizar este filme. As cenas em Asgard estão repletas de energia, um ritmo que depende apenas das personagens e, em geral, um salto qualitativo que traz Chris Hemsworth e Tom Hiddleston para o nível de Anthony Hopkins - que poderá não estar a dar o seu máximo, mas é sempre um fantástico actor.
Quando Branagh tenta cenas de acção, as coisas pioram. O seu estilo é pouco imaginativo e até se espera que as cenas sejam despachadas em menos tempo do que aquele que têm.
Contra o realizador joga, ainda, o argumento. O melhor que os argumentistas conseguiram foi copiar o que já havia sido feito em Iron Man, colocando Thor frente a frente com um robô gigante que, ainda para mais, os designers copiaram de The Day the Earth Stood Still.
Porque é que essa sequência é priveligiada (em duração) face ao combate entre os deuses e os Gigantes de Gelo seria difícil de perceber, não fosse a necessidade de introduzir um interesse romântico para o Deus Nórdico pois, de outra forma, este nunca chegaria a perceber o valor dos seres humanos a menos que se apaixonasse por uma...
Em geral, parece-me que o tratamento à personagem é sempre errado enquanto ele está em Midgarg, e os eventos terrenos desvalorizam as escolhas de Natalie Portman e Stellan Skarsgård para o elenco.
Ninguém se lembrou de investir a fundo num equilíbrio entre os dois planos do argumento, mas não deixaram de fora a aparição de alguns segundos do futuro Gavião Arqueiro (que nem chega a disparar uma seta). É a evidência concreta de que não estamos perante um filme mas perante uma máquina de dinheiro que não precisa de voltar a ser bem oleada (com talento e inovação) para continuar a funcionar.
A única expectativa que sobra daqui é que em The Avengers Thor consiga sobressair pelo que o diferencia dos restantes e, sobretudo, que revele algo de interessante como personagem que cative o público - algo além do corpo tonificado que mereceu os suspiros de algum público feminino.


4 comentários:

  1. Caro Carlos, ao contrário do que subentende neste artigo, o personagem Destroyer (o "robot gigante" como lhe chama que é na verdade uma armadura viva) foi criado décadas antes do filme e o design é totalmente fiel ao da BD.

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  2. André, obrigado por essa correcção.
    Como não conheço a fundo todas as histórias do Thor não conhecia a personagem (ou, pelo menos, não me recordava dela).
    No entanto, ainda que haja um recente "The Day The Earth Stood Still", não estava a pensar nele mas no de 1950 (que é anterior à criação de Thor).
    Agora, assumo que faltou uma revisão ao texto e que não me devia ter referido a designers mas a quem projectou Destroyer com as mesmas funcionalidades que o Gort.

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  3. O filme perde pela divisão muito abrupta entre os 2 cenários. Assim, nem nos identificamos com uma história, nem com outra. Resultado:  a presença do Thor na terra parece que acontece por 1 ou 2 horas e custa a crer que (para além de destruição) pudesse deixar mais alguma coisa, quanto mais uma paixão tão assolapada como a que nos querem impingir.
    Muito fraquinho. Estava à espera de algo bem melhor,

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  4. Muito bom.Segue na mesma linha dos antecessores,o grande diferencial neste é o bom uso do efeito 3D,ótimos efeitos,que vão desde o letreiro inicial até os créditos finais.Só peguei um erro de legenda durante o filme,tem uma parte em que escreve assim: Ele está falando em morrer ou ser morto (mesma coisa né..rs)..Cenas muito bem feitas,a cena do desastre na ponte é sensacional...Vá preparado para sentir muita aflição e agonia durante a sessão...rs..Vale a pena ver 

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