sábado, 1 de maio de 2010

Homem de Ferro 2, por Carlos Antunes


Título original: Iron Man 2
Realização: Jon Favreau
Argumento:
Justin Theroux

Elenco: Robert Downey Jr., Gwyneth Paltrow, Don Cheadle, Scarlett Johansson, Sam Rockwell, Mickey Rourke e Samuel L. Jackson

Ao contrário da previsão que tinha feito, Iron Man tornou-se numa saga evidente, repetindo tudo o que a sua própria fórmula tem de bom e de mau.
Iron Man 2 é pouco distinto de Iron Man e certamente menos interessante por isso.


Com o sucesso merecido do primeiro filme, a continuação consegue convocar uma segunda mão-cheia de bons actores - Scarlett Johansson, Sam Rockwell e Mickey Rourke - que pareciam garantir uma fasquia elevada. Mas isso não sucede.
Scarlett Johansson não tem mais do que o espaço para lançar mais uma personagem no seio das possibilidades comerciais da Marvel.
Mickey Rourke tem a oportunidade de criar uma personagem com um pequeno percurso dramático, mas nada que chegue a dar-lhe vida.
Sam Rockwell tem direito a ser uma espécie de contra-parte de Robert Downey Jr., numa deliciosa interpretação, igualmente over the top e mesmo com melhores tiradas do que aquelas do protegonista da saga. Infelizmente o seu tempo também é pouco e no final revela-se pouco mais do que uma versão ridícula daquele com quem se degladia (embora não seja de excluir um retorno num próximo filme).
Aliás, tirando Sam Rockwell, a melhor escolha do elenco foi mesmo a descarada substituição de Terrence Howard por Don Cheadle.


O problema com o desperdício de todas estas personagens secundárias - nem de perto nem de longe comparáveis ao carisma que Jeff Bridges teve no primeiro filme - é que até Robert Downey Jr. está um furo abaixo do que seria de esperar.
Ele não rouba o filme à sua versão em armadura, acabando por haver momentos em que está mesmo ridículo, sem que a suposta bebedeira da personagem seja justificação para cenas tão perto da idiotice.


O apagamento de Downey Jr. está, por isso mesmo, muito ligado ao apagamento da qualidade que o argumento proporciona.
A comédia gerada pelo investimento na sua personalidade, muito mais do que no espectáculo, que faziam do primeiro filme um filme a reter quase desaparece por completo.
O filme torna-se depois numa simples versão menor da luta do primeiro filme. Como se fosse impossível criar outras soluções para este herói que não colocá-lo a lutar com outras máquinas de destruição.
É de um simplismo primário que dá bem conta que se uma substituição de um actor resulta bem, já a dos argumentistas resultou muito mal, da forma como se colaram ao que anteriormente tinha feito sucesso.


Falando em substituições, falta ainda substituir Jon Favreau na cadeira de realizador.
Ainda que o seu trabalho não seja mau, a verdade é que ele apresenta limitações que não se coadunam com uma saga destas.
Mesmo entre os escombros de um argumento que tenta colocar muitos tópicos num filme só, acabando por os tratar sem desembaraço nem qualidade, um realizador com mais alguma versatilidade e imaginação teria conseguido retirar um pouco mais daqui.
No primeiro filme teve, claramente, a sorte de chegar com um argumento suficientemente convincente e uma surpresa entre as adaptações deste género.


Não vou arriscar dizer que esta saga ameça apagar-se, mas se até Spider-Man caiu pela força das exigências comerciais que apagam por completo as criativas, a verdade é que Iron Man não tem uma perspectiva futura muito optimista.
Mesmo com a ligação ao futuro The Avengers.



1 comentário:

  1. Hoje em dia, as obras caem imenso no mainstream comercial e estragam-se por completo! Exemplo é o Spider-man que tu próprio evidenciaste!

    Abraço
    Cinema as my World

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