segunda-feira, 11 de julho de 2011

Saga Harry Potter, por Tiago Ramos



Conclui-se assim uma das sagas mais lucrativas e mediáticas da história do cinema. Harry Potter and the Deathly Hallows: Part 2 termina a saga que acompanhou uma geração e que cresceu com ela, quer seja no formato literário, cinematográfico ou em ambos. Eu que por mim aqui escrevo nunca me identifiquei com este universo mágico e peculiar que fascinou tantos outros (li apenas o primeiro livro), pelo que o visionamento dos filmes e as respectivas críticas se fizeram tardar no tempo. As opiniões que se seguem são reflexo desse conhecimento reduzido do contexto da saga Harry Potter e antecipam a estreia nacional do capítulo final da saga, a 14 de Julho.

Harry Potter and the Sorcerer's Stone (2001), de Chris Columbus Uma estrelaUma estrela½
O filme que iniciou a adaptação da saga escrita por J. K. Rowling acompanha o seu público alvo, pelo que é de notar o seu carácter mais infantil (os protagonistas são também eles crianças). Não é contudo um universo fácil para as mesmas crianças a quem é destinado, dado o seu ambiente negro, mas não deixa de ser também o produto mais familiar de todos os filmes realizados. Chris Columbus (realizador de Home Alone), sempre habituado a criar produtos destinados à família, apresenta Harry Potter e contextualiza-o junto das massas, mas tem como consequência um filme por vezes aborrecido para o restante comum dos mortais. O carisma dos protagonistas Daniel Radcliffe, Rupert Grint e Emma Watson é contudo louvável - especialmente na sua idade - e juntamente com o elemento qualitativo do restante elenco, aliado à sua capacidade técnica, contribuíram com certeza para o sucesso da saga.

Harry Potter and the Chamber of Secrets (2002), de Chris Columbus Uma estrelaUma estrela
Chris Columbus volta à direcção do segundo capítulo da saga. Tentando reproduzir o sucesso do primeiro tomo, o realizador cria também o filme mais fraco de todo o conjunto. Isto porque a sensação principal que fica é a que não consegue manter um aspecto coeso (tanto visualmente como narrativamente), deixando o espectador em mãos com uma manta de retalhos, com a sensação que o cineasta segmenta cada capítulo da história. História essa que também não é particularmente interessante. Nota-se porém um posicionamento mais adulto em relação ao primeiro filme. Embora mantenha o espírito familiar, intensifica as cenas de acção conferindo-lhes um tom negro menos visível em Harry Potter and the Sorcerer's Stone.

Harry Potter and the Prisoner of Azkaban (2004), de Alfonso Cuarón Uma estrelaUma estrelaUma estrelaUma estrela
Chris Columbus abandona a saga para dar o lugar ao mexicano Alfonso Cuarón e trazer-nos aquele que é o melhor filme da saga. Três anos antes, o cineasta tinha trazido Y Tu Mamá También (2001), um filme adulto e sexualizado, pelo que a sua escolha para a realização de uma saga infanto-juvenil pudesse ser questionável, mas na verdade, o tom adulto e praticamente autoral que imprimiu na trama do terceiro capítulo da saga foi uma lufada de ar fresco. A história torna-se densa e obscura - argumento adaptado extremamente atento aos pormenores - o que é intensificado pelo cuidado estético da fotografia de Michael Seresin, bem como da câmara de Alfonso Cuarón. Os efeitos visuais tornam-se menos intrusivos e facilmente o espectador se enquadra melhor no universo mágico de Hogwarts. A banda sonora de John Williams continua a ser das melhores coisas da saga.

Harry Potter and the Goblet of Fire (2005), de Mike Newell Uma estrelaUma estrelaUma estrela
A história do quarto capítulo da saga é bastante tenebrosa e parece que o realizador britânico de Four Weddings and a Funeral (1994) conseguiu equilibrá-la bem no grande ecrã. Não é tão bom como o seu predecessor, mas na verdade é um título bastante coeso e mantém a linha visual obscura que Alfonso Cuarón criou. Emma Watson começa agora a revelar-se como uma das estrelas mais promissoras deste fenómeno mediático. Robert Pattinson surge na trama, antes de outro fenómeno mediático que o levou para a ribalta anos mais tarde (a saga Twilight) e curiosamente aparenta ser um jovem promissor e a sua personagem garante dos momentos mais emocionantes da saga Harry Potter.


Harry Potter and the Order of the Phoenix (2007), de David Yates Uma estrelaUma estrela½
O problema na realização do até então quase-desconhecido David Yates é que deita por terra todo o estilo autoral que os seus dois antecessores confirmaram e entra num ritmo muito mais convencional e hollywoodesco, de uma forma quase irreparável. A saga entra numa apatia que em Harry Potter and the Order of the Phoenix diferencia bem aqueles que são fãs da saga, dos que não são. Porém o surgimento de personagens como Dolores Umbridge (Imelda Staunton) e Bellatrix Lestrange (Helena Bonham Carter) compensa grande parte do resto.



Harry Potter and the Half-Blood Prince (2009), de David Yates Uma estrelaUma estrelaUma estrela
David Yates regressa à saga que depois seria convidado a finalizar. E aqui o cineasta resolve os erros do capítulo anterior. Abranda o ritmo, mas assume o tom sinistro e adulto da saga (as crianças que cresceram com Harry Potter, já não o são) e revela todo o potencial escondido do protagonista Daniel Radcliffe, que se entrega aqui de corpo e alma ao papel. A qualidade técnica intensifica-se, de onde se destaca a qualidade dos efeitos visuais, especiais, bem como todo o cuidado com o som e iluminação.




Harry Potter and the Deathly Hallows: Part 1 (2010), de David Yates Uma estrelaUma estrelaUma estrela½
A tão criticada decisão de dividir o último livro ao meio revelou-se afinal acertada. Esta primeira parte do último capítulo permite-nos respirar (tem menos cenas de acção) e adensa-se na construção das personagens, que são agora jovens adultos com uma difícil e tremenda pressão à sua volta. A história é negra e intensa, bem como tremendamente comovente. Destacam-se três brilhantes cenas: a cena inicial em que Hermione Granger utiliza um feitiço "obliviate" para que os seus pais não sofram pela sua ausência, bem como a cena da dança na tenda entre si e Harry Potter ao som de Nick Cave, que espelham muito bem o assumir da fase adulta da saga, bem como das personagens; e claro está, a cena de animação conhecida como o conto dos três irmãos que confirmam o poderio técnico, bem como a originalidade da equipa. Daniel Radcliffe, Rupert Grint e Emma Watson têm aqui as suas melhores interpretações da saga. Este só não é o melhor capítulo da saga, porque o visual convencional de David Yates (que se diferencia do já icónico terceiro capítulo) não o permite. Destaque negativo para a pouco inspirada banda sonora de Alexandre Desplat (que também pode ter sido menosprezada) e positivo para a fotografia marcante de Eduardo Serra.

9 comentários:

  1. De acordo, só mesmo em relação à supremacia do terceiro filme.

    De resto, discordo mais da tua apreciação do segundo, a meu ver um dos melhores, muitíssimo intenso ;)

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  2. A sério? Eu não gosto mesmo nada... não vejo intensidade alguma. Quanto à saga no geral, não sou nada apreciador, nem percebo o mediatismo em redor, nem gosto tampouco destes universos fantásticos.

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  3. De uma forma geral acho que concordo com tudo. O 3º também é o meu predilecto. Yates tem vindo a melhorar mas aquele ordem de fénix foi bem fraco é o que menos gosto de todos. Mas verdade seja dita já não me recordo praticamente do 2 para os comparar.

    Mas o que me marcou mais pela negativa foi definitivamente o 5 ainda por cima porque foi nesse que comecei a ir vê-los ao cinema. Só voltei a Potter há pouco tempo para ir ver este último ao cinema (a 1º parte)

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  4. Me encantan este tipo de películas en especial las películas de aventuras  y a Harry Potter es un personaje que le tengo mucho cariño. Siento no escribir en portugués, pero lo hablo y no lo escribo todavía.

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  5. Não concordo com grande parte da apreciação mas são gostos. Achei um corte demasiado radical da infantilidade e inocência dos dois primeiros filmes para o terceiro. Quanto ao mediatismo em redor, compreendo. Quem leu os livros espera o mesmo nível dos filmes e tendo em conta que é a saga mais lida em todo o mundo, as expectativas só poderão ser elevadas. Quanto ao facto de não seres apreciador destes universos fantásticos isso delimita à partida qualquer apreciação que possas fazer nesse âmbito. Não é uma crítica mas uma constatação.

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  6. Sim, claro, eu percebo. É precisamente esse facto que me faz não gostar assim tanto dos filmes, especialmente porque não percebo a magia... mas por outro lado, acho que me permite avaliar também com mais alguma imparcialidade.

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  7. Sem ser grande fã, os que mais gostei foram o "Azkaban" e o "Principe Misterioso".
    E ainda nem vi a 1ª parte deste final... vejo muito hype mas não me bate da mesma maneira.

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  8. Olha só... e eu a pensar que deveria ter algum problema em não ser apreciador desta saga. Cool!

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  9. Todos os filmes desta saga mostraram-se espectaculares no visual, alguns narrativamente complexos, e outros com um argumento bem menor. Agora por ordem:
    1º. Harry Potter e os Talismãs da Morte: Parte 2
    2º. Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban
    3º. Harry Potter e os Talismãs da Morte: Parte 1
    4º. Harry Potter e o Cálice de Fogo
    5º. Harry Potter e o Príncipe Misterioso
    6º. Harry Potter e a Ordem da Fénix
    7º. Harry Potter e a Pedra Filosofal
    8º. Harry Potter e a Câmara dos Segredos

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