sábado, 20 de agosto de 2011

Cowboys & Aliens, por Carlos Antunes


Título original: Cowboys & Aliens

Não vou perder tempo e vou fazer o meu melhor para definir este filme - e o tom da crítica - logo na primeira frase: Cowboys & Aliens é um Skyline com dólares a rodos. A partir daqui cada um pode decidir em plena consciência se pretende continuar a ler o texto.
Sem ser a larga quantidade de dinheiro envolvida nesta produção, não vejo nenhuma razão para dois actores que (ainda) podem escolher os papéis que lhes aprouverem e mais uns quantos em ascensão para esse patamar estarem envolvidos com este fillme.
Como não vejo razão para misturar cowboys e aliens senão o marketing necessário a vender um filme ao público que não teria um traço de apelo se fosse "apenas" um western ou um filme de ficção científica.
Em traços largos, a história é demasiado básica, previsível e repetida. Funcionaria num western com um grupo de foras-da-lei ou num filme onde o exército combatia uma invasião extra-terrestre, além de quase qualquer outro cenário onde haja um grupo de "vilões".
Os cowboys poderiam ser substituídos por soldados da I Guerra Mundial, cruzados, até mesmo um grupo Neanderthal. Bastaria haver alguém na Terra com uma forma qualquer de armas, fossem de que tipo fossem. Na verdade só interessa que haja um sujeito amnésico e com uma arma alienígena no pulso que vai aprender a usar casualmente.
Tanto é que a história serve para qualquer tipo de personagem que não há um único traço ao longo do filme que aproveite o imaginário do Velho Oeste, a menos que consideremos o facto dos invasores laçarem as pessoas ao invés de as capturarem com a sua tecnologia avançada (capaz de derreter e sugar ouro sem escavar o solo, por exemplo) ou as agarrarem com o conjunto de oito garas que as suas naves possuem.
Parecem detalhes, sobretudo para um filme que vem manter desocupado o espaço mental do público em férias, mas são detalhes que se acumulam e que só contribuem para que a história seja ainda mais esburacada e absurda.
Não esperaria de um aspirante a blockbuster deste género que proporcionasse um universo complexo onde os detalhes de FC fossem concludentes, mas esperaria o mínimo de coerência. (E um pouco de mistério que não estivesse estragado pelo trailer, mas isso é já uma reclamação generalizada.)
A aparição da segunda espécie de alienígenas só vem distorcer o argumento para lá de um ponto em que pudesse ser aceitável a incoerência se assumida como inevitável para a diversão inconsequente.
Ainda para mais a história está nas mãos de Jon Favreau que ameaça começar a ser chamado para qualquer filme com um traço de aventura nele, tanto mais lamentável quanto o realizador não tem um traço de personalidade para dar ao filme.
Ele - em conjunto com os designers e os argumentistas, obviamente - não conseguem ir além dessa grande referência que é Independence Day. Indo daí roubar ideias, Favreau não consegue animar o público em nenhum momento.
Consegue, ao contrário do que seria de esperar, fazer o público fechar os olhos ao filme - muito literalmente - numa série de cenas em que as explosões ou os raios de luz se sucedem a intervalos de um mero segundo e que estão tão centradas no ecrã e sem qualquer filtro que ferem os olhos com excesso de luz.
O melhor que se consegue fazer nesses momentos é mesmo fechar os olhos e acreditar que há uma série de eventos pouco importantes a acontecer e dos quais os personagens principais sobreviverão.
Isso é mesmo o melhor que se consegue durante a totalidade do filme, mesmo quando vamos mantendo os olhos abertos.


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