quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Capuchinho Vermelho: A Nova Aventura, por Tiago Ramos


Título original: Hoodwinked Too! Hood vs. Evil (2011)
Realização: Mike Disa
Argumento: Mike Disa, Cory Edwards, Todd Edwards e Tony Leech

Algo está mal no reino da distribuição cinematográfica. Não podemos dizer ao certo o quê, porque tudo é subjectivo, dependente de critérios pessoais, mas acima de tudo, critérios económicos. Mesmo que muitas vezes as escolhas das distribuidoras nacionais estejam dependentes da produtora internacional do filme, custa a entender – especialmente para nós, como simples espectadores – porque razão determinados filmes têm direito a uma distribuição massiva ou uma estreia nacional mais perto da data de estreia mundial e outros são sucessivamente adiados e depois acabam remetidos para DVD (caso flagrante de 500 Days of Summer em 2010) ou limitados a meia dúzia de salas nacionais e em locais centralizados.

Tudo isto para dizer que a estreia de Capuchinho Vermelho: A Nova Aventura assenta na crença puramente económica que se é animação, em tempo de férias, e se puder ser exibido em 3D, vale a pena. A sequela de Hoodwinked! (2005) estreou em Portugal em cerca de 40 salas, quando existem filmes que têm direito apenas a uma mão-cheia de salas divididas entre Lisboa e Porto. Não colocaríamos esta questão (especialmente porque somos a favor do eclectismo) se não fosse este um dos mais fracos filmes de animação dos últimos anos e um dos piores filmes estreados em Portugal este ano.

O que é pena já que (apesar do fraco nível técnico) o original Capuchinho Vermelho – A Verdadeira História era uma história bastante divertida que parodiava a clássica história tornada popular pelos irmãos Grimm, assumindo contornos de um policial, quando as receitas de doces do bosque estarem a desaparecer, focando-se em depoimentos (e respectivas distintas visões) das personagens. As piadas eram adultas, cheias de humor irónico e mordaz. Já a sequela é precisamente o oposto: o argumento é disparatado, sem piada, completamente cliché e desgastado, capaz de fazer aborrecer o mais divertido dos espectadores. Apesar das referências às histórias de Hansel & Gretel, João e o Pé de Feijão e os Três Porquinhos ou algumas à própria cultura pop, o caos que se instala na narrativa deita por terra toda e qualquer tentativa de fazer um filme agradável.

As expectativas não correspondem ao produto final, medíocre e sem graça, ao que a já habitual falta de semelhança com o poderio das animações dos grandes estúdios, nos parece ainda pior perante tamanho disparate e desconexão. Leve os seus filhos a passear ou a comer um gelado e poupe no dinheiro do bilhete já que Capuchinho Vermelho – A Verdadeira História é um dos piores filmes a estrearem este ano nas salas de cinema e uma verdadeira perda de tempo (sim, mesmo para as crianças, porque elas não têm de se contentar com tamanha mediocridade). 



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