quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Vencedores do passatempo A Dália Negra


Obrigado a todos os participantes. Aqui ficam os dois vencedores e os respectivos textos.

Rui Jorge Martins Alves Carneiro
No intróito a esta breve reflexão em torno de “A Dália Negra” importa referir que os trabalhos de Brian de Palma sempre me entusiasmaram. Admiro o estilo voyeurista das suas produções da década de setenta. A força expressionista de “Os Intocáveis” e “Corações de Aço” na década de oitenta. Em 1996, “Missão Impossível” apaixonou todos os aficionados pela série e, dez anos mais tarde, “A Dália Negra”, despertou paixões e ódios ao propor uma abordagem ficcional do célebre caso do homicídio brutal da actriz Elizabeth Short, em 1947.
A cenografia de “A Dália Negra” obedece aos cânones do “film noir” e o olhar escalpelizante do realizador é digno de nota ao longo de todo o filme, sendo visíveis as aproximações aos mestres do género, desde Wilder a Welles, passando pelo incontornável Hitchcock. Há, de facto, um sabor “vintage” que atravessa obliquamente todo o filme, instaurando uma opção estética intencional do realizador, visto que é notória a intenção de criar um “pastiche” do cinema de Hollywood nos finais da primeira metade do século XX.
O elenco está em bom plano, Fiona Shaw tem um desempenho brilhante no papel de “Ramona Linscott”, Josh Hartnett no papel do protagonista, “Dwight ‘Bucky’ Bleichert”, acaba por surpreender e representar de forma convincente a personagem, Hilary Swank é uma perfeita “Madeleine” e Aaron Eckhart veste bem a pele de “Lee Blanchard”, sendo que Scarlett Johanssen como “Key Lake” é uma melíflua “femme-fatale”.
Visualmente surreal e cativante ao partir da premissa do eterno retorno, inscrita no arquétipo de Sísifo, deambulando pelos mistérios do crime insondável e nunca resolvido, revisitando-o circularmente até ao limite do imperscrutável, de Palma com “A Dália Negra” escreve uma página indelével nos anais do cinema.



Daniel Filipe Almeida Rodrigues Abrantes Saraiva
Um filme noir, bem ao estilo de Brian De Palma que, apesar de não possuir a intensidade dramática, coerência ou o conteúdo de alguns filmes Intocáveis de De Palma, não deve passar ao lado dos fãs de policiais.
Baseado no livro de James Ellroy, o filme retrata um brutal homicídio que teve lugar em Los Angeles na década de 40,  o qual acaba por ser, gradualmente, apenas uma de várias histórias, histórias de personagens com um forte carácter, mas por vezes difíceis de definir.
Dwight ‘Bucky’ Bleichert é um detective com um passado de relativa fama no pugilismo, que, com o seu rival em ringue e colega de profissão, Lee Blanchard, investigam o homicídio de uma jovem aspirante a actriz, Elizabeth Short.
Kay Lake, interpretada de forma tão intensa pela bela Scarlett Johansson, completa com ambos os detectives, um triângulo amoroso sobre o qual a vida destes personagens gira durante os quase 121minutos de película.
Bleichert e Blanchard, em tanto semelhantes são quase que o passado e o presente do mesmo homem.
A obsessão de Lee com a procura pela verdade, a qual nunca encontrou no trágico passado da sua jovem irmã, cega-o, corrompe-o e leva-o a perder tudo aquilo que defendia e amava, termina apoteoticamente na melhor e mais intensa cena do filme. Filmada eximiamente, recorrendo às sombras projectadas nas longas paredes e nos tectos de uma escadaria, e ao negrume da noite, a cena desperta o espectador inundando-o de questões, puxando-o para dentro do filme.
Dwight é o passado deste homem, seguindo as suas passadas, transformando-se lentamente no seu colega, no entanto, desde cedo é revelado ao espectador a sua superioridade, mais jovem e mental e fisicamente ágil, capaz de discernir aquilo que realmente interessa da obscuridade que o rodeia, e principalmente capaz de aprender com os erros de Lee.
O filme tem todos os ingredientes para uma volta com um final intenso, no entanto torna-se algo previsível devido à (brilhante) introdução da aristocrata família da jovem mulher da noite, Madeleine Linscott, que em nada se assemelha ao sonho americano. Não sei por onde começar a descrever a esta bizarria, se nos doentios olhos da mãe, na perversão da jovem irmã ou no sorriso diabólico da pintura do Joker estampada no rosto do pai. Torna-se evidente que ali há um assassino! Resta descobrir quem e todos os porquês!
A Dália Negra, ainda que mantenha o espectador entretido, acaba por não alcançar as expectativas, tendo em conta o brilhante elenco e tanto potencial nos personagens. Prima pelo enquadramento no estilo e na época, pela fantástica forma como descreve Los Angeles todos os seus pecados e modas, a qualidade da filmagem e pela intensidade de cada cena, mas peca pela excessiva fartura de histórias secundárias que acabam por ser amarrotadas e explicadas a martelo de forma a não deixar pontas soltas e que não contribuem em nada para a intriga principal e acabam por desprover de certa forma o filme de conteúdo.

4 comentários:

  1. Bom dia, fui um dos vencedores do passatempo e já efectuei pagamento via transferencia bancaria, mas ainda nao recebi o livro, podiam informar-me de para quando está prevista a entrega? Obrigado.

    Rui Jorge Carneiro

    ResponderEliminar
  2. Bom dia Rui,
    Dúvidas desse género devem ser sempre enviadas para splitscreen.passatempos@gmail.com. A pessoa responsável pelos envios responder-lhe-á com mais exactidão a essa pergunta. Contudo, recordo as regras gerais de passatempo, conforme indicadas no blogue: «O prémio será enviado até 3 meses após o pagamento dos portes de envio.» http://splitscreen-blog.blogspot.com/p/termos-e-condicoes.html

    ResponderEliminar
  3. Boa Tarde, Tiago,
    Tenho conhecimento das regras de passatempo e apenas recorri a esta forma de contacto porque já enviei vários mails para esse endereço (o primeiro é do dia 22 de Setembro, quando efectuei pagamento do valor solicitado) e ninguém me respondeu a confirmar a recepção do montante que transferi e fiquei preocupado com a possibilidade de não receber o prémio. Vou continuar a tentar contactar esse endereço. Muito obrigado pela atenção.
    Rui Carneiro

    ResponderEliminar
  4. Acabo de receber o livro em perfeito estado e devo dizer que é um exemplar muito atraente com um layout altamente apelativo, vou "devorá-lo", Muito obrigado Splitscreen por me darem este momento de prazer. Continuem o BOM TRABALHO.

    Rui Carneiro

    ResponderEliminar