quarta-feira, 28 de março de 2012

Avé, por Tiago Ramos



Título original: Avé (2011)
Realização: Konstantin Bojanov
Argumento: Arnold Barkus e Konstantin Bojanov
Elenco: Angela Nedialkova e Ovanes Torosian

Avé foi um dos mais simples e cativantes filmes em competição no Fantasporto 2011. Uma pequena obra cheia de energia, um portento cinematográfico dentro da sua honestidade. A história simples desenvolve-se na estrutura de um road movie tradicional, construído na direcção da auto-descoberta. Uma viagem literal e simbólica, não original, mas profundamente tocante e que assume uma tendência do protagonismo de jovens marginais à sociedade no cinema indie dos últimos anos. Contudo, dentro dessa simplicidade há também grandes complexidades dentro do filme e personagens que permitem várias análises, veja-se por exemplo a curiosa e constante dicotomia do filme através do imagético uso da cor azul e vermelha (como até se constata no poster).

É uma história que se divide entre romance e temática da passagem de jovem a adulto, mas que não se resume apenas a isso. Especialmente porque as composições dos jovens protagonistas são tão magníficas que transmitem ao espectador uma sensação tão familiar  e tão desarmante, o que não deixa de ser curioso num filme sobre confiança. Mesmo com poucos diálogos, há muita verdade e coração nestas interpretações das quais é inevitável destacar a jovem revelação que é Angela Nedialkova.

A honestidade com que o filme é escrito, realizado e protagonizado não deixa de ser curiosa já que a narrativa do filme se centra na mentira e na relação oposta que as personagens principais têm perante ela. E dizer a verdade nem sempre os leva adiante. O que não quer dizer que o filme de Konstantin Bojanov seja um hino à mentira, precisamente porque se há coisa que concluímos rapidamente é que não há forma de fugir da verdade. Trágico, mas honesto. E uma estreia magnífica do realizador búlgaro na ficção.



Classificação:

6 comentários:

  1. Por muito que me satisfaça ver que gostaste de um filme escolhido por mim lamento dizer que viste a versão censurada. A de 2010 era marcante. Se tiver oportunidade ainda vou perguntar ao realizador porque mudaram o final...

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  2. SPOILER



    Era praticamente igual pelo que me lembro, mas falta uma cena. Aquele último pedaço onde ela diz que vai visitar o irmão a Los Angeles e o condutor diz que ela pode vir a ser actriz... Esse condutor pára fora da estrada, viola-a e atira-a nua para fora do carro na mata.
    Não é nada gráfico, mas acaba com a ilusão de que é bom andar à boleia e todos podem ser felizes na mentira.

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    1. Realmente muda um pouco, mas acho que não se coaduna com o argumento até ali...

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  3. É a diferença entre uma aventura juvenil e a realidade.
    Envolvemo-nos com a personagem para subitamente lhe tirarem a inocência. Isso torna o filme marcante.

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  4. Assisti a esse filme no Festival de Cinema de Curitiba, e de todos os mais de 20 filmes que vi por lá, foi o que mais me cativou. Vou procurar esse versāo censurada, estou curiosa.

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