sexta-feira, 2 de março de 2012

Bag of Bones, por Tiago Ramos




Título original: Bag of Bones (2011)
Realização: Mick Garris
Argumento: Stephen King e Matt Venne
Elenco: Pierce Brosnan, Melissa George e Annabeth Gish

Bag of Bones é uma minissérie para televisão (dividida em duas episódios) realizada por Mick Garris, mas não deixa de ser interessante visioná-la num grande ecrã como se de uma longa-metragem se tratasse. Um conceito interessante e que nos últimos tempos tem acontecido em festivais internacionais (casos recentes de Mildred Pierce no Festival de Veneza ou Mistérios de Lisboa no Estoril Film Festival).

São raras as obras de Stephen King adaptadas para cinema/televisão que tivessem realmente resultado de forma bastante positiva. O autor tem um universo muito próprio (e até repetitivo) que resulta bem melhor no papel que no grande ecrã. Bag of Bones tem todos esses vícios das adaptações do autor, assim como todos os clichés que pontuam a sua obra: Stephen King inventou muitos deles e continua a repeti-los mesmo nas suas obras mais recentes. Também tem todos os maneirismos do formato televisivo, mas também beneficia desse formato ao ter espaço de criar espaço para a recriação do ambiente e desenvolvimento das personagens (algo que uma longa-metragem tradicional não poderia ter feito). Especialmente a primeira parte permite criar uma atmosfera mais dramática que propriamente assustadora, estabelecendo o ponto de partida para uma segunda parte mais rápida e que apresenta a resolução do mistério.

É verdade que a narrativa é repleta de lugares comuns, bastante básica, mas curiosamente revisita um tipo de cinema e televisão de suspense e terror dos anos 80/90 e que Mick Garris bem sabe trabalhar, com direito a todo o tipo de pequenos sustos e planos de câmara bastantes óbvios, mas que resultam na sua intenção. E na verdade, mesmo que a história seja simples, a verdade é que durante grande parte do tempo da trama, o mistério continua sem conseguirmos realmente prever o final. Final esse que, na verdade, é o que prejudica a apreciação final de Bag of Bones, já que cai no exagero, ao apresentar soluções bem ridículas.

A nível de elenco, Pierce Brosnan surpreende com um bom trabalho de interpretação (algo a que sinceramente não estamos habituados), mesmo com uma personagem que reúne todos os clichés do escritor a passar por uma crise de inspiração. Mas a interessante surpresa é Anika Noni Rose (The Dreamgirls) no papel de uma cantora de blues dos anos 30, que  a recria com intensidade e veracidade perfeitas. Deborah Grover (The Shipping News) também tem um excelente trabalho, numa personagem que parece saída de Addams Family.

Bag of Bones não apresenta nada de espectacular ou original, mas Mick Garris é bastante competente na adaptação da história e o resultado é uma trabalho agradável de acompanhar, pena que no final reúna apressadamente todas as pontas soltas que tão calmamente havia entregado ao espectador.


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4 comentários:

  1. Até tenho expectativas elevadas em relação a isto... pelo que leio, não te deslumbrou... :/

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    1. Eu gostei bastante do que vi. Entreteve-me e tal. Mas lá está, está longe de ser uma série para deslumbrar.

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  2. "Bag of Bones" foi, para mim, uma mini-série que poderia ter sido mais. Creio que a abordagem que fizeram, em termos de história, deixou as duas partes muito desequilibradas. A primeira, e a que vi com menor vontade, achei um pouco secante por estar a envolver o espectador em todo o ambiente da cena. Já a segunda, deixou-me mais contente e colmatou as falhas da primeira e conseguiu dar uma resolução satisfatória de todo o caso.

    Creio que, de toda a série, fica a frase: "Lie still, bag of bones!". Uma frase que, embora dê nome ao livro (e à série) nos mostra que a nossa condição, enquanto humanos, é muito frágil.

    No panorama geral, a série vê-se nem que seja pelo espectacular Pierce Brosnan ou pelo casal de velhos daquela vila que, sempre que aparecia em cena, me deixava bastante assustado. A nota é, no fim de contas, justa.

    Parabéns, Tiago, por mais uma review fantástica! ;)

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    1. Eu gostei bastante da primeira parte, precisamente por terem dado espaço para construir o ambiente e as personagens... algo que só neste formato seria possível. Sim, tem o senão de quebrar o ritmo. A segunda parte é bem mais intensa, mas houve cenas disparatadas lá mais para o fim.

      Obrigado, Jorge! :)

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