Já prestes a entrar na recta final do certame, o décimo primeiro dia de festival fez-se em volta do búlgaro Avé e do japonês Guilty of Romance. The Theatre Bizarre e Eva já tinham sido vistos durante o período do pré-Fantas e podem rever a nossa opinião dos filmes nos seus comentários breves e também nas críticas extensas (I e II).
É uma das surpresas do festival. Uma história simples, um road movie tradicional cujas personagens se dão a descobrir e descobrem-se a si próprias durante a viagem que fazem, literal e simbólica (curiosa dicotomia em grande parte do filme, com o vermelho e o azul). E mesmo com poucos diálogos, as interpretações excelentes dos jovens actores (um especial destaque à revelação que é Angela Nedialkova) dão bastante coração à narrativa.
Shion Sono é um poeta/cineasta peculiar e com um universo muito próprio. Com Guilty of Romance este conclui a chamada Saga do Ódio, composta pelos igualmente bons Love Exposure (2008) e Cold Fish (2010). O filme é um thriller psicossexual, muito ao jeito do cineasta e com uma grande atenção aos detalhes (note-se por exemplo a excelente e repetitiva cena dos chinelos). É uma sátira negra à sexualidade feminina, numa fusão de sexo e morte, com uma excelente técnica, onde a fotografia colorida e a banda sonora se destacam, num filme por vezes confuso, mas perturbador. Um filme que só podia vir da mente de Shion Sono.
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