domingo, 21 de abril de 2013

Conspiração Explosiva, por Tiago Ramos


Título original: Welcome to the Punch (2013)
Realização: Eran Creevy
Argumento: Eran Creevy
Elenco: Andrea Riseborough, James McAvoy, Mark Strong, David Morrissey, Jason Flemyng e Peter Mullan

É impossível para Conspiração Explosiva esconder, mesmo nos minutos iniciais (numa estonteante perseguição), a falta de originalidade que permeará toda a estrutura narrativa que se seguirá nos seus quase cem minutos de duração. O tema não é necessariamente original, sendo que vai buscar inspiração a toda uma série de filmes policiais das últimas décadas, conectada à temática dos gangsters e envolvendo uma intrincada conspiração governamental. Percebe-se nesta segunda longa-metragem de Eran Creevy uma tentativa de emular um certo tom do cinema de Michael Mann, que nunca chega efectivamente a funcionar precisamente porque a narrativa não é consistente o suficiente para tal. Rapidamente nos apercebemos que já conhecemos este género de história (especialmente numa altura em que nos habituámos a ver todo o tipo de conspirações no cinema e em séries de televisão) e que mesmo os envolvidos nas reviravoltas futuras são perceptíveis de imediato nas primeiras cenas em que aparecem.

O realizador trabalha todos estes elementos (reciclados) de uma forma altamente estilizada e com uma direcção de fotografia banhada a azul e prateado, parecendo acreditar que toda a parafernália visual seria suficiente, para tornar o filme imagética e narrativamente interessante. Muito pelo contrário, esse estilo (inspirado numa estética de videoclip na qual Eran Creevy trabalha há vários anos) torna-se muito cansativo para o espectador, não contribuindo em mais nada para além de uma sensação de dormência e insensibilidade. E o filme acaba por ser uma das muitas provas que um bom elenco não é por si só suficiente, quando o material de trabalho não é bom. James McAvoy e Mark Strong garantem uma química interessante e dinâmica, mas parecem entorpecidos pela estrutura das suas personagens, nunca conseguindo ir além disso. Já Andrea Riseborough comprova o motivo de ser uma das mais promissoras actrizes da sua geração, roubando a cena em quase todas as cenas em que entra, mas que tal como os outros, não lhe é permitido muito mais, dada a mediocridade do argumento.

Vale-lhe algum arrojo e adrenalina que imprime em algumas cenas de acção, bem como toda aquela atmosfera de caos violento, mas Conspiração Explosiva nunca passa de um produto bastante insatisfatório, apenas assente numa estética visual muito própria (e já por si só bastante má).


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