sexta-feira, 24 de abril de 2015

Vingadores: A Era de Ultron, por Eduardo Antunes


Título original: Avengers: Age of Ultron (2015)
Realização: Joss Whedon
Argumento: Joss Whedon

Foi-nos prometido que este filme se aproximaria de um certo The Empire Strikes Back, naquele que agora conhecemos como o Universo Cinemático da Marvel. A grande questão é se o filme consegue manter as promessas que fez e corresponder às expectativas (talvez exageradamente) criadas, ou se acaba por cair sobre a sua montanha de sucesso pré-determinado e já garantido.

Sempre que vamos assistir a um filme da Marvel sabemos precisamente aquilo com que devemos contar. E até agora, apesar de quaisquer pequenas diferenças, a fórmula tem-se mantido um pouco a mesma, sendo que as suas únicas variações são na história que conta ou, mais importante (e que recentemente garantiu uma enorme aprovação de Guardians of the Galaxy) nas personagens que retratam. Essas personagens são o elemento que vai mantendo estes filmes interligados e é precisamente isso que devemos olhar quando assistimos a estes filmes. Não que elas tenham uma enorme complexidade, mas o que as próprias bandas desenhadas em que estes filmes se baseiam têm provado é que estas personagens podem ser mais do que aparentam. É esse o ponto interessante a explorar.

Neste seguimento, podemos logo à partida falar do vilão deste filme. Esperava-se que Ultron fosse finalmente um vilão interessante e empolgante, numa lista bastante fraca até agora. E a verdade é que James Spader dá nuances muito interessantes a este vilão, ainda que não sejam exploradas o suficiente. Leva os nossos heróis, indirectamente, a um olhar psicológico sobre as suas motivações, num desenvolvimento do que Loki fez no primeiro filme.
Mas os heróis do filme também acabam por não receber o suficiente tempo ou motivação para serem desenvolvidos, aparte Hawkeye (Jeremy Renner) que, ao contrário do filme anterior, finalmente recebe algum tempo de ecrã substancial (ainda que não muito original), depois de ter sido até agora uma personagem descartável.



Ainda assim, os pequenos momentos em que vamos recebendo um conhecimento mais aprofundado destas personagens, assim como os momentos em que as diferenças entre os protagonistas criam conflito entre eles, são os mais interessantes. Para mais, o facto de Scarlet Witch criar e potenciar alguns desses momentos ajuda à sua própria personagem, à medida que se apercebe das consequências da sua aliança inicial. Esses momentos são, aliás, pausados e fazem-nos prestar atenção no meio de tanta acção frenética.

Apesar disso, não deixam de haver falhas mais substanciais, como a inclusão de vários pontos narrativos destinados a estabelecer filmes posteriores, assim como o romance entre Natasha Romanoff e Bruce Banner, que surge forçado sem qualquer dica anterior dessa possibilidade e sem sentido para aquilo que temos vindo a percepcionar da personagem de Scarllett Johansson e mesmo retirando algum do seu interesse que proveio de Captain America: The Winter Soldier, sendo remetida a um interesse romântico como forma preguiçosa de oferecer maior humanidade à personagem de Ruffalo.

Não pode ser negado que, ao contrário de outros filmes passados, a dose entre humor e drama está melhor equilibrada, não havendo momentos de humor totalmente inadequados às cenas, partindo estes apenas de interacções casuais entre as personagens, mesmo durante "cenas de acção", o que permite com que estas não se sintam demasiado casuais mas mais entretidas.

No final, este não deixa de ser uma amostra da fórmula que a Marvel tem vindo a desenvolver com os seus filmes e das ligações entre as suas personagens. Não consegue fazer o que The Empire Strikes Back fez para a saga Star Wars, até porque por vezes não se fixa apenas sobre si mesmo mas nos filmes que se seguirão, sem na verdade mudar o status quo ou criar reais consequências para o futuro de nenhuma personagens. De qualquer maneira, é uma peça de entretenimento que, não deixando de nos fazer rolar os olhos umas quantas vezes, nos faz ligar um pouco mais a esta equipa dos Super-Heróis mais Poderosos da Terra e esperar por desenvolvimentos futuros mais interessantes.


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