domingo, 25 de abril de 2021

#ReleaseTheSnyderCut. ou Como (fingir que) Nos Preocupamos Com A Criação


Servirá esta minha alongada apreciação, visto este filme servir como finalizar do que seria o primeiro acto de um universo iniciado dois filmes antes, como uma crítica retrospectiva à visão contínua e particular do realizador em causa, presente nesta trilogia não oficial e, de alguma forma, ao suposto movimento #ReleaseTheSnyderCut, previamente a uma crítica especificamente direccionada à versão original de Justice League que nos foi possibilitada finalmente visionar. 

PARTE 1
"(...) contemplou toda a sua obra, e viu que tudo era bom"

Este lançamento oferece a oportunidade de ter acesso a uma suposta visão originária do criador à frente do título após os problemas nos bastidores da sua filmagem, criando da mesma forma uma interessante oportunidade comercial perante os estúdios que desde os primórdios do cinema nunca se souberam comprometer com uma visão coerente sobre os seus lançamentos cinematográficos.
Pois será generalizadamente preferível os realizadores poderem expressar a sua visão artística conforme pretendido, independentemente dos resultados esperados. No entanto, entende-se a decisão do presente lançamento como forma de capitalizar a situação, perante uma multidão eficazmente expressiva através das redes sociais, pela possibilidade de contribuirem com uma subscrição monetária, e nunca por um sentido de oferecer a oportunidade de visualizar o que acreditam ser um produto de maior ou menor qualidade.

O problema aqui não será a resposta aos supostos fãs, mas a atitude permanente de drástica reacção por parte dos estúdios relativamente à recepção crítica (entenda-se antes, comercial) dos seus filmes. Face a recepção generalizadamente negativa ao filme anterior, os estúdios da Warner Bros. decidiram-se a fazer mudanças drásticas a Justice League. Ainda que a tragédia pessoal na família de Zack Snyder possa ter sido factor relevante na forma como os eventos em torno da produção do filme se desenrolaram, já antes do afastamento e substituição do realizador parecia haver um afunilamento e limar de aspectos em que os executivos não reviam um retorno monetário suficiente, fosse na inclusão de elementos que achavam ir de encontro aos apetites da esperada audiência, fosse na resposta directa a problemas anteriormente apontados.
Torna-se particularmente estranha esta posição por parte dos estúdios, já que a anterior experiência cinematográfica do realizador seria já prova suficiente daquilo com que poderiam contar. 300, Watchmen –e certamente de forma ainda mais clara, Sucker Punch– ilustram bem todo o percurso do realizador, onde o estilo suplanta sempre qualquer pretendida (ou desejável) substância no argumento, pelo que as decisões em torno deste filme se justificam ainda menos.

Perante isso, o facto dos próprios actores e realizador terem entrado no movimento suprarreferido demonstra a vontade de fazer face às idiossincrasias empresariais que em nada parecem valorizar a visão artística, talvez em parte por crerem que a expressão das personagens representadas era a melhor na versão que agora recebemos. 
Mas impõe-se aqui a verdadeira questão, onde o suporte desse movimento não transparece tanto a preocupação devida pela expressão artística em geral, mas antes pela perversão dos actos perante o realizador. Assim, não é dada tanta importância ao filme em si, antes ao seu criador, em aproveitamento de um movimento já com bastante seguimento nas redes de comunicação mais aparatosas. Mesmo o realizador, utilizando uma menos ostensiva rede de comunicação, aproveitou (mais ou menos conscientemente) a própria exclusividade das suas postagens como objecto de notícia. Por não ser tão largamente difundida, a expectativa na procura por notícias do autor justificava a maior visibilidade que, posteriormente, criaria.


Mais, nunca nas diversas entrevistas sobre os seus três filmes em redor das personagens da DC revelou Snyder apreciação pelos fãs das personagens, mas antes e apenas pelos seus próprios, chegando a referir a confiança no bom gosto dos seus apoiantes. Foi, assim, revelando uma clara auto-comiseração, revelada pela sua própria arte, num ciclo viciado e vicioso, onde os fãs justificam a pretensão e excentricidade do autor que, por sua vez, justifica o apoio incondicional e (preferencialmente) acrítico dos primeiros.
Assim, os problemas de Snyder, que seriam apontados a qualquer outro, são por alguma razão perdoados a este por muitos dos que seguem o seu recente currículo. Será certamente porque se tornou ele próprio um símbolo auto-criado de injustiça, referindo a iníqua situação em tantas convenções. Como se o estado em que se encontrou não fosse o mesmo de tantos outros realizadores que, muitas vezes, nem sequer têm a liberdade e chance de serem postos na posição em que Snyder foi posto, seja com os seus empreendimentos iniciais ou a partir do momento em que encontra Christopher Nolan a apoiá-lo.

Mas, argumentativamente, tudo isto não interessará para uma apreciação do referido filme como peça isolada, ainda que o mesmo não possa nem deva ser apreciado na sua totalidade para lá da sua contextualização. Numa procura de objectividade na discussão do mesmo, ganhará mais importância um determinado filme no contexto específico em que surja, ou será o mesmo irrelevante caso teça implicações intemporais (ou, ao invés, sequer alguma).
Sabemos, neste caso, que inevitavelmente nunca será o filme apreciado por si só, mais que por todo o polémico percurso até ao seu lançamento, como a própria publicidade oficial que no início utilizei pretende sempre relembrar. Percurso esse que, no final, não passa de uma série de semelhantes decisões corporativas das quais tantos outros realizadores são igualmente "vítimas" (para lá de quaisquer particularidades pessoais). Ainda assim, não me impedirá que, após tudo isto, procure essa mesma objectividade, numa primeira fase em torno da visão geral dos filmes e personagens e, seguidamente, do filme que traz a esta discussão, em jeito de construção de actos subsequentes ao meu discurso.

PARTE 2
Pretensões (ir)realistas

Muitos falam do descontrutivismo [das temáticas subjacentes a estes mitológicos seres da modernidade] a partir do qual Snyder trabalha estes seus filmes, talvez numa pressuposta continuidade do que trabalhara com Watchmen antes. Mas enquanto na história original de Watchmen –e mesmo em The Dark Knight Returns que lhe serviu de (aparente) inspiração– o desconstrutivismo patente advém de uma clara reinterpretação dos elementos narrativos conhecidos para oferecer uma nova perspectiva sobre o tipo de ícones a que a sua audiência estava habituada, nos filmes de Snyder não existe isso, indo ao invés de encontro aos mesmos ainda que aparente o contrário. 
Man of Steel apresenta o típico terceiro acto bombástico, que termina num tom despretensioso, incrivelmente contrário ao cinismo demonstrado em tantos aspectos da história. Batman v Superman também se vê necessitado de inserir um confronto final de larga escala, porque talvez fosse pedir demasiado à audiência que investisse meramente na resolução das questões iniciais que levanta sem lutas físicas. O próprio facto de Snyder encaminhar as suas narrativas para conhecidas histórias das páginas das bandas desenhadas demonstra precisamente a contradição da sua visão. Não existe tanto um descontrutivismo da sua parte, como mais uma sua reinterpretação até certa medida, que também não se revela inteiramente original por ir buscar elementos conhecidos de outras histórias.

Man of Steel
O problema de Zack Snyder sempre foi o não cumprimento das suas próprias pretensões, por muito que expressadas pelo próprio em entrevistas. Nunca me tendo oposto à alternativa visão em Dawn of Justice sobre um Batman disposto a assassinar os criminosos que persegue –como ilustrada frustração, à medida que envelhece, perante a aparente falha da sua filosofia–, a demonstração casual da forma como o faz sem nunca um aparente conflito por parte da personagem, demonstra a falta de uma coerência para as ditas sequências de acção, que não expressam (nem nunca pretenderam) a dúvida da personagem, apesar de o deverem fazer como parte de um todo que se pretende coerente.
Quando, aliás, a mesma personagem toma a decisão de combater ao lado de Superman, que até meio do filme pretendia assassinar a todo o custo, tal decisão poderia ter beneficiado da expressão das suas dúvidas em algum momento anterior da história.

A afirmação do próprio realizador de que Bruce Wayne poderia ser violado na prisão no contexto do "seu universo" demonstra alguma da gratuidade que o realizador demonstra em toda a sua obra até hoje. Gratuidade na expressão da violência (física e/ou psicológica) como suposto desconstrutivismo de alguns lugares comuns mas que se formaliza em não mais que um mero gosto pessoal.
Existe uma suposta abordagem a diversas temáticas que mais não se sentem que traços larguíssimos sobre temas que a maioria pensa compreender mas apenas saberá nomear. Pois não é posando Clark Kent em frente a um vitral de Cristo que dará sentido à intenção, se as acções da personagem não espelharem essa conexão nas nossas mentes.

E tudo isto estaria já patente no primeiro filme do realizador baseado nestas personagens da DC, já alvo de enorme controvérsia devido ao exagero do confronto final (que seria retroactivamente retratado de um ponto de vista humano no início do filme posterior).
Em Man of Steel, dispensa-se qualquer sinal da Superman tentar desviar a luta fatídica da cidade –no que seria o culminar da sua inserção no mundo humano que se comprometeu a defender face a ameaça de Zod–, em favor de uma vontade do realizador forçar um plano de espectacular destruição. Ainda que o argumento parecesse levantar inicialmente estas como potenciais questões a serem abordadas (até depois dos ataques terroristas que assolaram o território norte-americano no início do milénio), levanta-as levianamente e no final ignora-as, quase insultando o seu público ao ilustrar um beijo entre o casal protagonista no meio do que é a quase a completa destruição de uma cidade.

Não será por acaso o realizador nomeado pela sua capacidade de expressão visual. Mas nunca utiliza a linguagem do cinema como o particular instrumento narrativo que é, tentando-se, ao contrário, aproximar da linguagem que dá origem a vários dos seus filmes. Se 300 e Watchmen não eram já óbvios na sua transposição directa das imagens desenhadas para o ecrã, a utilização por vezes exaustiva da câmara lenta demonstra a quase vontade de retirar o movimento às cenas para as fazer permanecer na nossa mente, como imagens que funcionem estática e descontextualizamente da restante acção. Porque Superman voando sobre uma casa com o seu símbolo perfeitamente pintado no meio de uma catástrofe serve como vinheta de banda desenhada ou bom papel de parede, mas pouco favorece a narrativa que o pretende pintar como salvador (porque espera ele? ah, sim, pela câmara que o foque...). Existe um foco no estilo sem a substância cinematográfica e narrativa que o suporte e justifique, numa utilização exaustiva da câmara lenta que lhe retira o impacto especial e ocasional que deveria ter.

Batman v Superman: Dawn of Justice
É precisamente essa dissonância entre as temáticas levianamente introduzidas e a narrativa que nunca as incorpora subjacentemente que está patente nesta "trilogia" do realizador, problema talvez advindo da perspectiva de Goyer e Nolan que já em The Dark Knight Rises demonstraram. E assim, transpuseram para a sua ideia original destas outras personagens as mesmas pretendidas questões, de trabalhar estas personagens numa realidade o mais próxima possível à nossa (ainda que exagerada, nas palavras de Nolan), mas sem ir de encontro às verdadeiras implicações que as mesmas teriam neste construído universo.
E Batman v Superman terá sofrido mais com isso, pois teve que inicialmente tentar responder às questões que o anterior filme pusera de lado, de forma simultânea à incorporação de outras personagens e histórias conhecidas aos fãs das BDs, fazendo por finalizar com a introdução do famoso arco narrativo das páginas que estabelece a base para o filme posterior. 

Quando se dá a morte de Superman no final desse filme, tenta-se, assim, puxar subitamente da emoção do público por uma personagem apática que passou ambos os filmes que lhe foram dedicados a ser apresentada como uma ameaça visível à humanidade, tanto física como filosófica e ideológica. Não tanto uma personagem como uma nota de rodapé para pesquisar sobre ela. Portanto, quaisquer falhas que este Justice League tenha seriam já esperadas, dado os problemas de base que existiam desde o início, numa incoerência sobre a pretendida abordagem perante estas personagens, o que me leva a finalizar este alongado discorrer com a devida apreciação do filme que, afinal, aqui nos traz.

PARTE 3
Same thing, new coat of paint

De certa forma, esta "nova" versão de Justice League funciona melhor na sua generalidade que os filmes que o precedem, pois já não existe qualquer real pretensão de tentar enquadrá-lo num paralelo à nossa realidade, indo mais de encontro às narrativas míticas que apresenta –mais que não fosse, pela presença de grandiosos seres alienígenas cujo único objectivo se resume à mera conquista planetária.
Mas se antes poderíamos culpar Joss Whedon de (quase) se auto-referenciar nas modificações tardias na versão em que se viu a trabalhar, percebemos aqui que essa era já a vontade de Zack Snyder e Chris Terrio, na procura não só de incomporar o humor inexistente nos filmes anteriores, como de tentar criar cenas que relembrem o heroísmo que estas personagem deveriam representar na sua génese. 

O argumento mantém-se fraco, com frases tão hilariantemente memoráveis como "Evil doesn't sleep, it waits" a serem expressadas com uma tal seriedade que não percebemos se devemos tomar este argumento mais ou menos seriamente, após o filme seu antecessor. Aliás, a classificação para idades acima dos dezoito anos parece quase ofensiva, visto não haver nada, para lá de umas amostras esparças de sangue e uma (bem desnecessária) decapitação, que ilustre esta visão como estando necessitada de tal classificação "exclusiva" a pessoas maiores de idade. Antes, apresenta-se como o filme mais genericamente apreciável e consumível, que já em 2017 careceria de maior originalidade. É mesmo enfurecedor, após um filme que pretendeu desmontar certos aspectos destas heróicas narrativas, que este argumento não experimente sequer descontruir minimamente a básica estrutura narrativa que há mais de uma década já tendemos a ver demasiado.

Mesmo quaisquer potenciais conflitos entre as personagens são rapidamente resolvidos, apenas para introduzir a próxima cena de acção ou exposição narrativa. Uma discussão entre a recentemente criada equipa em redor da hipótese de trazer Superman de volta à vida –a que até Whedon tentaria posteriormente oferecer algum conflito entre as personagens, ainda que com pouco sucesso– não oferece a oportunidade de ver os seus membros debaterem-se entre as suas tão diversificadas personalidades já que, no final, todos acabam por concordar e proceder com a missão.
Mesmo a primeira sequência contra Steppenwolf (igual ao que já víramos), onde não conseguem trabalhar inteiramente em equipa, não revela consequências, já que não falharam nos seus objectivos de resgatarem os prisioneiros. Portanto, se não somos capazes de investir nas dificuldades da titular equipa, de que outra forma devemos estar investidos numa história resumível ao esforço de impedir um extraterreste em destruir o planeta? Mas mais subtileza e cuidado não seria de esperar, a quem do nada inseriu um monstro gigante no final de Dawn of Justice sem qualquer antecipação.

Quando no final somos apresentados ao conceito de viagens no tempo, poderia esse conceito ter sido aproveitado a par com as visões sobre o futuro apocalíptico que nos são apresentadas. Vendo-se os heróis derrotados no final, julguei ser aí que o filme efectivamente demonstraria a sua diferença, transpondo-nos repentinamente para o futuro, para este ter que ser desfeito pelas habilidades de Flash. Mas nem mesmo quando vemos no epílogo uma cena que aponta para essa fatídica realidade se sente mais que um estímulo para as sequelas que não virão. 
Como este aspecto, também a presença de Darkseid não traz qualquer diferença. Novamente, é apenas mais uma aparição que pretende instaurar uma ameaça de fundo. E ficarão os ditos fãs satisfeitos com a promessa destes aspectos, como se pequenas referências fossem suficientes para entender a história que não nos é contada.

Zack Snyder's Justice League
Avengers: Age of Ultron
E quando antes falara da duração como inevitavelmente curta para a quantidade de personagens que se pretendiam apresentadas, nota-se que a duplicação do tempo não reverte em quase nada para a melhoria desse aspecto. Batman continua a ser a mesma inútil personagem ao longo de todo o filme que, na sua versão envelhecida, nem sequer se conseguiria aproximar dos companheiros empoderados. Pior, a sua posição aqui perante a morte de Superman mantém-se [como na versão de 2017] drasticamente contrária à que demonstrara em Batman v Superman e, assim, a nossa percepção desta personagem revela-se tão esquizofrénica como antes.
Também o desenvolvimento da personagem de Barry Allen, sem os patéticos diálogos incorporados por Whedon, não deixa aqui de ser anedótico que, nos duzentos e quarenta e dois minutos totais de duração, não recebe mais desenvolvimento que antes. A primeira cena, não vista antes, onde expressa as suas habilidades pela primeira vez à audiência, em nada acrescenta senão às suas energéticas e irritantes interacções.

Se mesmo em Victor Stone conseguimos reconhecer fácil e felizmente um mais franco enfoque, até expondo de melhor maneira as capacidades de actuação de Ray Fisher, o seu arco narrativo não deixa de ser o mais básico possível, resumível em três ou quatro frases: Cyborg culpa o seu pai; pai de Cyborg sacrifica-se; Cyborg passa a valorizar o pai, e decide-se a honrar a memória dele. 
Se, efectivamente, reconhecemos uma personagem em procura da sua humanidade, onde antes não existia senão um dispositivo para avanço do enredo, a sua básica caracterização não passa a ser desculpável apenas por comparação com um ainda mais baixo padrão, quando dentro da própria história contada se reconhece potencial para mais. Poderia a desconfiança dos restantes, face a criação de Cyborg através do estranho dispositivo que pretendem destruir, ser real motivo de preocupação e discussão para toda a equipa. Poderia essa sua origem ser aproveitada em favor do vilão contra os próprios heróis, elemento potencialmente traidor entre os heróis, trazendo até mais tragédia à personagem. 

A real diferença que aqui mais claramente se sente é, efectivamente, a música. Se previamente apontara também a clara vontade da banda sonora aproximar o tom dessa versão do filme aos filmes de Avengers, talvez esse facto fosse apenas sintomático do que o filme já realizava com o seu argumento. Pois, o tom generalizado que esta versão do argumento comporta é tão aliviado quanto a outra nas curtas interacções entre a equipa, mesmo sem a inclusão das constrangidas piadas. 
Assim se vê, de facto, a influência que a cinematografia e música de um filme conseguem ter no resultado final, pois enquanto a paleta vibrante de cores e a banda sonora maioritariamente formada de instrumentos de sopro [da versão de 2017] apontava para um tom desafogado e mais clássico, aqui a cinematografia mais sombria, em conjugação com a música composta por Tom Holkenborg, que inclui uma forte presença de coros femininos e percussão, transfere-nos para a grandiosidade e "modernismo" pretendidos. Apesar disso, ao mesmo tempo a inclusão de guitarras eléctricas em certos momentos não nos deixa de retirar um irónico sorriso, no que reconhecemos ser uma tentativa forçada de injectar um tom cool ao que se deveria sentir como algo memorável por si só.

Mesmo que esta tivesse sido a versão lançada no seu original período, sentir-se-ia como a tentativa de alcançar os esforços da Marvel que tão claramente é, sem as personagens para apoiar o esforço patente. Mais, caso tivesse sofrido os inevitáveis cortes na sua duração, certamente pouco mais se diferenciariam as versões a que tivemos acesso, aparte as dissimilitudes visuais e musicais mais óbvias. O filme não deixa de ser a mais básica história possível, sem as relações e dinâmicas suficientemente desenvolvidas para ilustrar estes como os heróis que tão facilmente reconhecemos. Os problemas não se apresentaram nunca entre uma ou outra versão, mas antes na incoerência do próprio autor que, independentemente de quaisquer contributos e modificações por parte de outrém, sempre instaurou esta como sendo a sua visão ao longo dos diferentes filmes. Aquele sobre quem –ao invés das personagens transportas para o ecrã– a narrativa sempre se centrou.

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