segunda-feira, 23 de março de 2009

Destruir Depois de Ler, por Tiago Ramos



Título original: Burn After Reading (2008)
Realização: Ethan Coen e Joel Coen
Argumento: Ethan Coen e Joel Coen
Eenco: George Clooney, Frances McDormand, John Malkovich, Tilda Swinton, Brad Pitt, Richard Jenkins e Elizabeth Marvel

A inteligência é relativa é uma das taglines de Destruir Depois de Ler, dos irmãos Ethan e Joel Coen. E é sobretudo disso que nos lembramos ao ver o filme. Depois de No Country For Old Men, que conseguiu arrecadar quatro Óscares, a dupla dos irmãos volta a arriscar, desta vez naquilo que foi anunciado como a comédia negra do ano.



O filme tem como base diferentes personagens, todas elas com perspectivas distintas do mesmo assunto: um CD que foi descoberto no balneário de um ginásio, com as memórias de um ex-analista da CIA. À partida teríamos logo aqui uma possível nomeação para um Melhor Argumento Original, nem que seja apenas pela temática. Num jogo que envolve traições, conspirações e chantagens, os irmãos Coen conduzem-nos a um ciclo de idiotices, numa narrativa que por vezes se torna demasiadamente rebuscada.

O ponto alto de Destruir Depois de Ler será com certeza, o elenco e as personagens-tipo, criadas pelos realizadores. George Clooney, por exemplo, que estamos habituados a ver no papel de galã, surge aqui como um maníaco da perseguição e com ocupações algo peculiares, num papel a que não estávamos habituados a ver associado a ele. Frances McDormand (vencedora de um Óscar de Melhor Actriz por Fargo) é aquela que me gera mais desconfiança ao longo do filme, ora se apresenta como uma personagem complexa, ora deixa revelar demasiadas fragilidades e incoerências, com um sentido vazio. Brad Pitt é, acima de tudo, aquele que detém a melhor personagem e melhor interpretação. A personagem de Chad, que tinha tudo para não resultar, é conduzida com invulgar mestria, naquela que se apresenta como a personagem mais divertida e patética dos últimos tempos. Não estamos habituados a ver Brad Pitt a envergar tamanhos estereótipos, mas este assenta-lhe como uma luva. Destaque também para a presença de John Malkovich e Tilda Swinton.

O argumento de Destruir Depois de Ler é cheio de tiques de expressão, de maneirismos de patetice, numa longa cadeia confusa de equívocos. Por vezes isso causa cansaço no espectador, que nem sempre se consegue rir devido ao arrastar da acção, que se torna demasiado lenta em determinados momentos. Infelizmente, os irmãos Coen acabaram por cair no facilitismo da repetição exaustiva dos mesmos assuntos e piadas, com personagens reduzidas a um sentido oco. Destruir Depois de Ler acaba por gerar perplexidão, pois ao fim de contas, acaba por ser menos do que aquilo que prometia, deixando o espectador na eterna questão “E agora?”.



Bem, Destruir Depois de Ler não é nenhuma obra-prima, nem a melhor comédia negra de sempre, mas pelo menos assenta num argumento peculiar e burlesco.

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