domingo, 8 de março de 2009

O Casamento de Rachel, por Tiago Ramos



Título original: Rachel Getting Married (2008)
Realização: Jonathan Demme
Argumento: Jenny Lumet
Elenco: Anne Hathaway, Rosemarie DeWitt, Debra Winger e Jerome Le Page

O Casamento de Rachel é uma obra que não está livre dos clichês das famílias disfuncionais, dos dramas emocionais e das crises de consciência. Contudo diferencia-se de obras anteriores de Jonathan Demme como Philadelphia e The Silence of the Lambs. Enquanto nestes dois filmes assistíamos a uma cartilha de normas rígidas de realização, em O Casamento de Rachel rapidamente percebemos uma mudança na realização do mesmo, num registo documental, num retrato simples e claro das disfunções emocionais da protagonista e da sua família.



O curioso do filme e que se pode tornar uma faca de dois gumes é a sinceridade e honestidade com que os planos são revelados. A câmara de Jonathan Demme é agora instável, crua, sem grandes artifícios, sem medo de fraquejar ou tremer, numa franca imitação do estilo dos anos 70. E se por vezes isso contribui para o estilo honesto da narrativa, no género handycam que agora está em voga, por outro lado acaba por encher demasiado com cenas ou planos desinteressantes para o espectador e que acabam por cansar a determinada altura.

A nível do elenco de figurante parecem saído de uma real festa de casamento, sem grandes preocupações estéticas ou a nível de diálogos, tudo de forma a torná-los ainda mais credível perante o grande público. Mas o desempenho de Anne Hathaway é o grande triunfo e que merecidamente ganhou uma nomeação para o Óscar de Melhor Actriz, graças à impetuosidade da sua personagem Kym e ao facto de não ter medo de ser politicamente incorrecta na atitude e argumentos. No entanto, a maior questão é que em determinados momentos o filme parece demasiadamente sustentado pelo desempenho de uma única actriz, neste caso a Anne Hathaway. Nas prestações secundárias destacam-se Rosemarie DeWitt (Off the Black) e Debra Winger (Shadowlands).


O argumento de Jenny Lumet é excelente no plano emocional e afectuoso, que garante uma visão pessoal e intimista das disfunções de uma família assombrada por erros do passado, mas que se limita na visão tragicómica do quotidiano americano.

Classificação:

3 comentários:

  1. Correndo o risco de ser pouco sensível, pouco cinéfila, pouco elitista...

    Mas que seca de filme!

    MJNuts

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  2. MJNuts, confesso que depois de tanto burburinho de roda do filme pensei que fosse melhor...

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  3. Concordo contigo, a realização propositadamente amadora cansa, e tem muito entulho pelo emio.

    Valeu pela intensa interpretação de Anne Hathaway,era a minha favorita para a estatueta

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