domingo, 2 de agosto de 2009

Duplo Amor, por Tiago Ramos



Título original: Two Lovers (2008)
Realização: James Gray
Argumento: James Gray e Ric Menello
Elenco: Joaquin Phoenix, Gwyneth Paltrow e Vinessa Shaw

"Eu tenho dois amores que em nada são iguais (...) uma é loura outra é morena". Em termos populistas esta podia ser a máxima de Duplo Amor, uma obra amadurecida de James Gray que se anuncia como o derradeiro trabalho do actor Joaquin Phoenix. Mas esse não é o único motivo pelo qual deverá o leitor ver este filme.



Amália Rodrigues serve de pano de fundo, várias vezes durante Duplo Amor. Canta Estranha Forma de Vida, como se tivesse sido escrita de propósito para o filme. É uma vida soturna, depressiva e francamente realista que James Gray nos apresenta nesta longa-metragem nomeada no Festival de Cannes e nos César Awards.

É uma obra que pisca o olho aos românticos e classicistas, um bonito ensaio sobre o Amor com temáticas como o suicídio, a frustração, o consumo de drogas, os amores proibidos e o adultério. Temáticas nada simples, que figuram ao longo de Duplo Amor com uma veracidade e honestidade como é raro no Cinema dos nossos dias. James Gray entrega-nos um romance, com tudo menos floreados, um drama negativo com dores e angústias que nos parecem reais a todo o momento.

Joaquin Phoenix é, neste filme, a angústia em pessoa, a bipolaridade contida num único homem, a depressão que arrasta até ao fundo do poço. Como se de uma ameaça do fim da sua carreira se tratasse. Um excelente trabalho do promissor actor, que não lhe exigiu muita expressividade, é verdade, mas também isso era o menos importante no filme.



Gwyneth Paltrow é o par improvável, o fruto proibido e selvagem. Um trabalho de qualidade que nos faz recordar os momentos altos da carreira da actriz. No lado oposto temos a morena Vinessa Shaw, o lado estável e socialmente aceitável do triângulo amoroso, com um desempenho bastante positivo.

E é nestes contrastes e ambiguidades que Duplo Amor se torna um filme sombrio e depressivo, por vezes monótono, como é francamente a nossa vida em determinadas alturas. Se fossemos a ver, este filme não é ficção, é a vida de muitos espelhada em contornos dramáticos e clássicos, é o estado caoticamente dividido em que nos encontramos muitas vezes. É um drama de escolhas que nos faz ansiosamente esperar que afinal este não seja o derradeiro trabalho de Joaquin Phoenix.



Classificação:

5 comentários:

  1. confesso que antes de ler a tua crítica, o filme não tinha captado a minha atenção por demais.

    mas agora, parece que tenho de lhe dar uma hipótese ;) voltarei para dar a minha opinião.

    cumprimentos

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  2. Mafalda Gomes,
    Fico feliz por saber que de alguma forma a minha crítica te fez pensar.

    Confesso que quando vi o filme dava-lhe uma nota inferior. Mas este é daquele género de filmes cuja qualidade cresce com o tempo. Espero então pela tua opinião.

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  3. genial . adorei o filme . já estava farto das histórias de amor pseudo-cómicas que têm assolado os cinemas nacionais nestes últimos tempos . finalmente um drama que nos mostra a cru o que o amor provoca .

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  4. Anónimo,
    É esse humanismo/realismo que é o melhor de todo o filme.

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  5. Anónimo,
    É esse humanismo/realismo que é o melhor de todo o filme.

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