quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Transiberiano, por Carlos Antunes



Título original: Transsiberian
Realização: Brad Anderson
Argumento: Brad Anderson e Will Conroy
Elenco: Woody Harrelson, Emily Mortimer, Ben Kingsley, Kate Mara, Eduardo Noriega e Thomas Kretschmann

Transiberiano é um muito interessante thriller, um thriller correndo ao longo de uma viagem que permite que os espaços e as personagens que a atravessam possam surgir e desaparecer com inegável timing.

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Como thriller ganha muito com a variedade e complementaridade das suas personagens.
O casal Jesse (Emily Mortimer) e Roy (Woody Harrelson), ele um religioso fanático por comboios que decidiu levar a mulher, uma jovem rebelde agora regenerada, numa viagem através da Sibéria.
Ela ficará tentada pelo sedutor comportamento rebelde de Carlos (Eduardo Noriega), que o casal encontra no comboio com a sua namorada Abby (Kate Mara).
Esse encontro e as suas envolvências acabará por os envolver a todos com um polícia (Ben Kingsley) numa história envolvendo tráfico de droga.

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A primeira sensação que temos é a de receio por estes estranhos demasiado simpáticos mas demasiado informados.
Abby parece uma inocente rapariga convencida a enveredar por um caminho dúbio pelo espanhol conhecedor de toda a informação possível sobre passaportes e fronteiras.
Jesse parece uma mulher prestes a perder-se novamente, entediada com a nova e pacífica vida que leva.

http://images.allmoviephoto.com/2008_Transsiberian/2008_transsiberian_004.jpg

Mas os eventos levar-nos-ão para além disso, colocarão em causa as nossas crenças sobre o comportamento e a moralidade destas personagens.
A sua verdadeira motivação, bem como o julgamento que fazemos dos eventos é sempre uma ténue crença para nos mantermos à tona desta história.
É o efeito que mantém o interesse mais intenso neste thriller, essa dúvida moral a que o argumento inclementemente sujeita as suas personagens e os espectadores.
Não há certezas que nos valham, pois nenhuma dura mais do que um instante.
Toda as nossas extrapolações vão sendo roubadas de nós até que não queiramos outra coisa que não seja sermos desafiados e desacreditados perante nós mesmo.

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O filme joga e ganha este jogo mesmo até ao final, preferindo apostar nas suas personagens – interpretadas, todas elas, com inegável inteligência e qualidade, mas com destaque para Mortimer e Noriega – e na inteligente complexidade do argumento ao invés de um desfecho turbulento pleno de acção – ainda que o tenha, claro.
Transiberiano é um filme que nos apanha um pouco desprevenidos e que nos faz querer ser apanhados e essa é a sua vitória como thriller.




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2 comentários:

  1. «permite que os espaços e as personagens que a atravessam possam surgir e desaparecer com inegável timing.» Quais espaços, neve branca e carruagens sujas? Quais personagens, aquelas coisas planas? Qual timing, o facto de vir uma cena a seguir a outra?

    É um comboio que mais valia não ter apanhado.

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  2. «permite que os espaços e as personagens que a atravessam possam surgir e desaparecer com inegável timing.» Quais espaços, neve branca e carruagens sujas? Quais personagens, aquelas coisas planas? Qual timing, o facto de vir uma cena a seguir a outra?

    É um comboio que mais valia não ter apanhado.

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