quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Sacanas sem Lei, por Tiago Ramos



Título original: Inglourious Basterds (2009)
Realização: Quentin Tarantino
Argumento: Quentin Tarantino
Elenco: Brad Pitt, Mélanie Laurent, Christoph Waltz, Eli Roth, Michael Fassbender e Diane Kruger

Inglourious Basterds
é um filme de um cinéfilo, feito para cinéfilos. O Cinema é homenageado em cada frame do filme, nem que seja por uma sala de cinema ser o palco do maior clímax da longa-metragem. Apenas alguém com enorme respeito pelo Cinema, mas também com uma visão avant-gard poderia ter a coragem de reescrever a História mundial. I believe I just made my masterpiece diz uma personagem em jeito de ironia, como que falando por intermédio de Tarantino.



Quentin Tarantino
dá uma dimensão nunca vista à sua estética, num projecto quase megalómano, mas praticamente isento de erros. Como habitualmente dividido em capítulos, o cineasta reduz o seu espírito sanguinário e aumenta a extensão dos diálogos à la Tarantino, misturando os géneros filme de guerra, western spaghetti, melodrama, filme noir, comédia e thriller num único filme.

Mas sobretudo existe um maior cuidado com as imagens. Imagens essas que são o ponto alto do filme, numa cinematografia cuidada a cargo de Robert Richardson, que já trabalhou com o cineasta no díptico Kill Bill. A cena com Shosanna Dreyfus, enquanto se prepara para a sua vingança no cinema, é por demais reveladora da estética de Tarantino, num curioso e lindíssimo jogo de espelhos. Tanto a impactante cena inicial, que faz disparar o coração, como o final fulgurante e explosivo, fazem deste um dos melhores trabalhos fotográficos num filme do realizador. Já a banda sonora constitui outro dos pontos altos do filme, com fantásticos temas de Ennio Morricone, entre outros.



O elenco é outro achado. Especialmente o austríaco Christoph Waltz que desempenha uma das melhores personagens de um argumento de Tarantino, numa versatilidade tamanha, falando fluentemente em três línguas (inglês, francês e alemão), pontuando uma cena com algumas palavras em italiano. Mélanie Laurent é dotada de uma frieza e espírito de vingança intenso, mas ao mesmo tempo com uma aparência ingénua e frágil, o que lhe permite entrar completamente dentro da personagem. Brad Pitt e os seus bastardos, dão nome ao filme, mas acabam por ter uma visão demasiado caricatural e, embora divertida, parece de certa forma excessiva.

É também o uso da língua complementado com as imagens que faz de Inglourious Basterds o filme mais europeu do realizador, mas também um dos mais icónicos. Uma relação explosiva que faz do filme uma espécie de redenção através da linguagem do Cinema, que acaba por se regenerar ele próprio.

Classificação:



4 comentários:

  1. Totalmente de acordo excepto no que toca aos bastardos. Creio que o tom caricatural era crucial para dar consistência ao filme. O próprio Waltz, embora tenebroso, é caricatural não raras vezes.

    Não é a sua melhor obra mas está definitivamente no meu top 3. E claro, é uma bela homenagem à sétima arte.

    ABraço

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  2. Fifeco,
    Sim, sim. Maioritariamente temos uma visão caricaturada das personagens e por isso é que o filme se torna tão bom. Mas a dos bastardos parece-me quase excessivo.
    E Inglourious Basterds consta na segunda posição do meu top do realizador. O primeiro é Kill Bill!

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  3. Eh eh eh eh eh... estou a ver que andaste às 'cabeçadas' com a crítica do nosso amigo Carlos Antunes... :)

    Abraço.

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  4. Red Dust,
    O que quiseste dizer com isso? :O

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