segunda-feira, 12 de abril de 2010

De Paris com Amor, por Carlos Antunes


Título original: From Paris with Love
Realização: Pierre Morel
Argumento: Adi Hasak e Luc Besson
Elenco: John Travolta, Jonathan Rhys Meyers e Kasia Smutniak

É inevitável olhar para De Paris com Amor por comparação com Taken, um dos filmes de acção mais interessantes de tempos recentes.
Com Liam Neeson como um improvável herói de acção, dando ao filme uma sobriedade que o tornou tão distinto quanto se revelava digno do género em que se inseria, Taken fez as delícias de muitos cinéfilos
De Paris com Amor não consegue ser tão bom, mas é uma óptima viagem, ainda assim.


A primordial diferença está nos actores. Liam Neeson dá uma serena credibilidade a qualquer papel.
Já entre John Travolta e Jonathan Rhys Meyers, o primeiro leva a sua personagem a um estilo-limite, enquanto o segundo apesar do seu talento acaba por funcionar como uma personagem típica dentro deste tipo de filmes.
Como dupla funcionam, mas não destilam a mesma classe de Liam Neeson. Têm o espírito das duplas de buddy movies com uma dinâmica que se origina no próprio filme e não numa imposição cómica.


John Travolta faz o papel de agente incorrigível e imparável, eficaz num estilo censurável.
Já Jonathan Rhys Meyers é mais o sidekick em aprendizagem, algo ingénuo mas inteligente.
Entre os dois, tão inconciliáveis, vão chegar a um crescimento mútuo, a uma confiança, sem deixarem de ter os seus períodos caricatos.
Estão ambos envolvidos numa história que arrisca o rocambolesco geral próprio do género, mantendo a ligação a uma possibilidade contemporânea. É, no fundo, a ideia de entretenimento que Luc Besson há muito quer importar de Hollywood, descomprometido no interior de uma ideia contemporânea e potencialmente cativante.


De resto, o que importa são as sequências de acção, portanto vale a pena distinguir entre as primeiras, exageradas e nada distintivas em relação a qualquer outro filme de acção recente, das restantes.
Só quando já estamos quase a meio do filme é que vemos o realizador pegar no filme com um estilo próprio, deixando com alguma facilidade uma memória no espectador, sobretudo com a a cómica e eficaz cena de acção que não o chega a ser: os dois agentes seguem pela escada acima com um lanço de intervalo, mas apenas conseguimos acompanhar a reacção do segundo à medida que os corpos sem vida caem apanhando-o de surpresa.


O resultado é a tal viagem que tem os seus momentos verdadeiramente excitantes e o filme sabe não se demorar para lá da sua eficácia.
É um pedaço de cinema intencionalmente descomprometido e enérgico. Ninguém se vai preocupar muito com o que vem depois.



2 comentários:

  1. Até que me diverti assistindo "From Paris with Love", já que tudo o que precisava no momento era distração descompromissada. John Travolta sabe dar um tom gaiato na medida. Liam Neesom é outra história, carrega o drama dentro da alma. Ambos são ótimos artistas. Gostei do blog.

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