domingo, 22 de maio de 2011

Curling, por Carlos Antunes


Título original: Curling
Realização:
Denis Côté
Argumento: Denis Côté
Elenco: Emmanuel Bilodeau, Philomène Bilodeau e Roc LaFortune

Bastaria que Curling tivesse um foco mais claro sobre o que é essencial ou não para ser um grande filme.

O jogo olímpico - como o bowling igualmente jogado regulamente ao longo do filme, já agora - não parece acrescentar nada à história de frieza derradeira entre pai e filha.
Ele até poderá ser um pai preocupado, mas o seu zelo excessivo pelo bem estar da filha leva-o a impedi-la de ir à escola. A ténue educação que ele lhe tenta dar é tentada através de livros trazidos da biblioteca (supõe-se) e deixados para ela sem qualquer apoio.
Ela é uma miúda a ter de sobreviver sozinha durante as deambulações do seu pai que "não está bem da cabeça". Mas, mesmo assim, está proibida de sair de casa e até cumpre (quase) tal regra mesmo na ausência dele.
Neste desequilíbrio vão divergir um do outro cada vez mais, arriscando o isolamento total em que já parecem viver, não se limitando a cortar a comunicação ou a afugentar todos os elementos exteriores, mas optando por viver - e caminhar a solo - onde a neve bloqueia a própria vida.
Um cenário desolador em que começam a surgir cadáveres.
A filha encontra um e foge. O pai encontra outro e leva-o para casa (pensando que ainda o pode auxiliar).
O pai, depois, esconde o cadáver sem pensar no mal que pode causar ao seu antigo patrão. Mas a filha começa a retornar e a permanecer no local onde está, afinal, uma pilha inteira de mortos.
Ambos estão a caminho da sociopatia severa, mas o dela parece ser um caso mais grave pois não adivinha se ela aceita os cadáveres como companhia possível ou se está a adquirir os instintos de uma mãe que está presa.
Não há final para eles, como não há para nenhuma traço da história episódica. Os cadáveres terão sido vítimas de crime? Que significado adquirirá o curling para aquelas duas vidas?
As perguntas multiplicam-se com os vinte minutos finais do filme que são estranhos ao que se esteve a ver antes.
O que é acessório aqui é o que veio dar nome ao filme. Estranho, portanto, como o próprio filme nos parece quando baralha as linhas com que se narrava.



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