sexta-feira, 20 de maio de 2011

A Film Unfinished, por Carlos Antunes


Título original: Shtikat Haarchion
Realização: Yael Hersonski
Argumento: Yael Hersonski
Elenco: Alexander Beyer e Rüdiger Vogler

Um filme que foi esquecido por quem o produzia e que ficou esquecido numa cave para ser reencontrado como o testemunho do exacto oposto do que pretendiam que ele fosse.
Poderia ser ficção mas é a história real de Ghetto, propaganda Nazi para mostrar a qualidade de vida dos judeus em Varsóvia, mas que por conter filmagens não editadas do quotidiano da altura acaba por ser a prova contra as próprias acções dos homens que as mandaram fazer.
Já o General Eisenhower, ao chegar aos campos de concentração, mandara tirar todas as fotos possíveis de forma a contrariar a futura negação dos terríveis actos que lá ocorreram.
Neste caso, os próprios Nazis deixaram provas contra os seus actos, tanto imagens cheias de manipulação para benefício próprio como da realidade de corpos esqueléticos e moribundos.
A excessiva confiança nos fins que pretendiam atingir levaram os Nazis a condenarem-se a si próprios e a desmentirem-se.
A reconfirmar essa realidade, A Film Unfinished tem, perto do final, um momento que supera o que Abbas Kiarostami fez em Shirin por ser real.
Vemos os sobreviventes a cerrarem os olhos perante o filme que lhes tentam mostrar, perante as memórias dolorosas e a culpa de terem sobrevivido.
Demonstra por completo a força que um filme - e, em particular, um documentário - pode ter. Como este também a tem.



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