quarta-feira, 4 de maio de 2011

Gritos 4, por Carlos Antunes


Título original: Scream 4
Realização: Wes Craven
Argumento: Kevin Williamson
Elenco: Neve Campbell, Courteney Cox e David Arquette

Tive, durante alguns anos, uma apreço pela trilogia Scream que se foi perdendo com a revisita à saga.
O discurso de cinema como método narrativo e a ironia sobre o género em que a própria saga se insere não apagavam mais a falta de novidade na reviravolta complicada.


Mesmo assim, a curiosidade permanece sempre e Scream 4 tornou-se apetecível.
Como em outras sagas continuadas após um interregno significativo, Scream voltou a tocar directamente o tempo em que foi melhor, o seu início.
A passagem do tempo dá o distanciamento para ver que os desvios das sequelas interessam menos do que a conclusão sólida da criação original.


O filme arranca com a ironia apontada às sequelas e depois joga com os remakes como motivação da nova leva de assassinatos.
Com os remakes faz a ponte para a narrativa pessoal de Sidney Prescott, onde coloca contra a maturidade adquirida uma sede de protagonismo e superação que produz arrogância irracional.
Uma forma de ser, a um único tempo, incisivo com o presente do cinema de terror, que recicla sem critério nem justificação, e com as gerações mais novas, ansiosas por protagonismo a qualquer custo numa nova forma de sociopatia.


Sidney Prescott, Dewey Riley e Gale Weathers são, ainda, personagens que queremos seguir - a par de algumas novas caras - e são a base do que é (cada vez) mais thriller do que terror, apoiando a farpa que o filme lança a Saw e derivados: pode ser muito criativo mas não investimos nada nele pois não nos interessa quem morre.
Com o regresso destes personagens em condições amadurecidas, Scream 4 permite que se salte do primeiro para o quarto filme ou que se siga a saga completa, consoante o grau de equilíbrio entre sentido crítico e dedicação admirada que se tenha à saga.
É o ponto final para a saga respeitando o chavão que lança no final: Don't fuck with the original!



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