Título original: The Tree of Life (2011)
Realização: Terrence Malick
Argumento: Terrence Malick
Elenco: Brad Pitt, Sean Penn, Jessica Chastain, Hunter McCracken, Laramie Eppler, Tye Sheridan e Fiona Shaw
«Eu sou o Alfa e o Ómega. O princípio e o fim» versa a Bíblia no livro de Revelação (ou Apocalipse), capítulo um e versículo oito. Embora este versículo amiúde tenha como significado provável a indicação de Deus como o único capaz de prover vida eterna aos seus seguidores (isto depois de, em termos bíblicos, Deus ter vedado a Adão e Eva o acesso à Árvore da Vida, guardada por querubins), a verdade é que a amplitude de tal afirmação acaba por ilustrar A Árvore da Vida, na visão do quase mítico cineasta norte-americano Terrence Malick. Aquilo que observamos no filme é também ele uma tentativa megalómana de descrever o Alfa e o Ómega (primeira e última letra do alfabeto grego) como o princípio e o fim da vida. Nesse sentido, o cineasta parte do geral para o particular e do particular para o geral, através dos olhos uma família do Texas nos anos 50, transportando essa visão a criação e expansão do Universo e surgimento da vida na Terra.
Não obstante as críticas sofridas, dado o excessivo uso de imagens que dramatizam a criação do Universo, a verdade é que a estrutura do filme é bastante tradicional, servindo apenas estas imagens para transmitir outro ponto de vista da existência biológica, através da visão mais infinitesimal possível. Versado em filosofia, o projecto que Terrence Malick aqui nos apresenta é dos mais ambiciosos de sempre da história do cinema e, ao contrário do apregoado por muitos, é bastante humilde dentro da sua intenção. Com um olhar por vezes místico e até religioso, somos deslumbrados pelo ponto de vista estético e de montagem tão megalómanos como raros. É o trabalho de um cineasta original sempre enriquecido com o trabalho do director de fotografia Emmanuel Lubezki (The New World).
É verdade que A Árvore da Vida é o ponto de vista de um crente. Mas de que é feito o cinema senão por pontos de vista? De que é feita a vida senão de perspectivas? O que interessa aqui é a reflexão que este nos obriga, a do princípio e do fim. Do Universo, da vida, de nós. São dois pontos de vista de dois protagonistas: a do pai austero e da mãe carinhosa. A vida familiar tão divina quanto Deus. Tão preponderante quanto os caminhos que levaram ao surgimento da vida. Mas mesmo para os não-crentes (onde eu me incluo), há o deslumbre da imensidão da vida. Seja ela Deus ou a Natureza. Seja ela o quer que seja. É no fundo uma tentativa de dar lógica àquilo que por vezes nos parece o caos. E que na verdade o é: um caos organizado. Porque também em A Árvore da Vida - assumindo o ponto de vista da crença - há igualmente a transmissão do pensamento da descrença. O filme inicia-se com o ponto de vista divino, versado no livro bíblico de Jó, capítulo trinta e oito, versículo quatro: «Onde estavas tu, quando eu fundava a terra?». As mesmas palavras usadas por uma mãe para manifestar o desgosto da perda de um filho perante Deus: «Onde estavas tu?». As mesmas palavras que crentes e descrentes transmitem perante a existência ou confirmação da não-existência de Deus: onde estava Deus? Onde está Deus, perante a injustiça, perante o sofrimento?.
Tão bonito, quanto inspirador, tão profundo, quanto metafísico e, no limite, tão devastador quanto é a própria vida. Talvez A Árvore da Vida não passe de uma questão de sensibilidade e cada um o verá com os seus próprios olhos e de forma diferente: no limite ou ama ou odeia. Mas dificilmente ficará indiferente.
«Eu sou o Alfa e o Ómega. O princípio e o fim» versa a Bíblia no livro de Revelação (ou Apocalipse), capítulo um e versículo oito. Embora este versículo amiúde tenha como significado provável a indicação de Deus como o único capaz de prover vida eterna aos seus seguidores (isto depois de, em termos bíblicos, Deus ter vedado a Adão e Eva o acesso à Árvore da Vida, guardada por querubins), a verdade é que a amplitude de tal afirmação acaba por ilustrar A Árvore da Vida, na visão do quase mítico cineasta norte-americano Terrence Malick. Aquilo que observamos no filme é também ele uma tentativa megalómana de descrever o Alfa e o Ómega (primeira e última letra do alfabeto grego) como o princípio e o fim da vida. Nesse sentido, o cineasta parte do geral para o particular e do particular para o geral, através dos olhos uma família do Texas nos anos 50, transportando essa visão a criação e expansão do Universo e surgimento da vida na Terra.
Não obstante as críticas sofridas, dado o excessivo uso de imagens que dramatizam a criação do Universo, a verdade é que a estrutura do filme é bastante tradicional, servindo apenas estas imagens para transmitir outro ponto de vista da existência biológica, através da visão mais infinitesimal possível. Versado em filosofia, o projecto que Terrence Malick aqui nos apresenta é dos mais ambiciosos de sempre da história do cinema e, ao contrário do apregoado por muitos, é bastante humilde dentro da sua intenção. Com um olhar por vezes místico e até religioso, somos deslumbrados pelo ponto de vista estético e de montagem tão megalómanos como raros. É o trabalho de um cineasta original sempre enriquecido com o trabalho do director de fotografia Emmanuel Lubezki (The New World).
É verdade que A Árvore da Vida é o ponto de vista de um crente. Mas de que é feito o cinema senão por pontos de vista? De que é feita a vida senão de perspectivas? O que interessa aqui é a reflexão que este nos obriga, a do princípio e do fim. Do Universo, da vida, de nós. São dois pontos de vista de dois protagonistas: a do pai austero e da mãe carinhosa. A vida familiar tão divina quanto Deus. Tão preponderante quanto os caminhos que levaram ao surgimento da vida. Mas mesmo para os não-crentes (onde eu me incluo), há o deslumbre da imensidão da vida. Seja ela Deus ou a Natureza. Seja ela o quer que seja. É no fundo uma tentativa de dar lógica àquilo que por vezes nos parece o caos. E que na verdade o é: um caos organizado. Porque também em A Árvore da Vida - assumindo o ponto de vista da crença - há igualmente a transmissão do pensamento da descrença. O filme inicia-se com o ponto de vista divino, versado no livro bíblico de Jó, capítulo trinta e oito, versículo quatro: «Onde estavas tu, quando eu fundava a terra?». As mesmas palavras usadas por uma mãe para manifestar o desgosto da perda de um filho perante Deus: «Onde estavas tu?». As mesmas palavras que crentes e descrentes transmitem perante a existência ou confirmação da não-existência de Deus: onde estava Deus? Onde está Deus, perante a injustiça, perante o sofrimento?.
Tão bonito, quanto inspirador, tão profundo, quanto metafísico e, no limite, tão devastador quanto é a própria vida. Talvez A Árvore da Vida não passe de uma questão de sensibilidade e cada um o verá com os seus próprios olhos e de forma diferente: no limite ou ama ou odeia. Mas dificilmente ficará indiferente.
Classificação:
Ainda hoje não sei o que achar em concreto sobre este filme!
ResponderEliminarDos melhores filmes que tive oportunidade de ver na minha vida!
ResponderEliminarE de salientar, grande trabalho de fotografia.