sexta-feira, 2 de março de 2012

Meat, por Tiago Ramos


Título original: Vlees (2010)
Argumento: Maartje Seyferth

A carne que dá título a esta produção holandesa não é só e tão simplesmente a do talho que serve de de cenário à narrativa, mas é também e mais especialmente a carne humana e a sua escravidão ao desejo e ao sexo. O holandês Meat cria com base nessa metáfora da carne uma história bizarra acerca da perversidade, do descontrolo, do impulso e do instinto animal. Uma sátira à condição humana que preza a liberdade, mas que é afinal tão presa aos impulsos carnais. E se nessa metáfora, o filme tinha bastante por onde explorar, na verdade isso acaba por não acontecer. Especialmente porque Victor Nieuwenhuijs e Maartje Seyferth perdem-se nos terrenos do arthouse cinema e misturam a narrativa (já por si bastante abstracta) a espaços com uma tentativa de experimentalismo, com planos de câmara oblíquos, tremidos, handycam, visão nocturna e edição rápida que contribuem para esta falta de coesão tanto na realização como no argumento.

Meat disfarça a sua história simplista na forma de um thriller psicossexual, mas que nem o chega a ser, criando uma narrativa intencionalmente pretensiosa e que almeja compreensões filosóficas sem que as mereça. Uma simples história de sexo e morte, distúrbio, perversão e prazer, que tenta por vezes criar um estilo orgânico e visceral que ao invés de contribuir para o objectivo, apenas expõe por vezes a sensação de ridículo que a tempos atravessa o espectador. Valha-nos a beleza da jovem holandesa Nellie Benner e uma interpretação segura de Titus Muizelaar, mas que sozinhos não conseguem fazer muito.


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