quinta-feira, 30 de julho de 2009

Páginas vs. Fotogramas - Twilight, de Stephenie Meyer



Stephenie Meyer está para os vampiros como Nicholas Sparks está para os grandes romances: atropelam-se e nenhum chega lá.

Dito isto, passemos então à crítica em si. Comecei por ler os livros desta saga e só de ver o trailer, percebi o que me esperava no filme: uma tentativa de colocar em cena os diálogos e monólogos mais "marcantes" do livro e atropelar o resto da estória.

O livro, apesar de ter uma escrita claramente para adolescentes e uma persistência irritante em reafirmar como Edward Cullen incapacitava Bella Swan, conseguia desenvolver as personagens e dar-lhes um passado mais ou menos desvendado que permitia compreendê-las. Havia alguma profundidade nelas que se traduzia nas suas acções.

Para quem não conhece a estória a partir do livro, Twilight será certamente um filme confuso. Tudo o que dava sentido às acções e reacções é colocado de lado em prol do romance e das cenas bonitas do filme. Conhecendo os restantes livros da saga, pergunto-me como se irão desenvecilhar nos próximos filmes quando necessitarem de explicações que deviam ter sido dadas anteriormente.


A escolha dos actores também me deixou um pouco em dúvida. Certamente ninguém esperaria que a intérprete de Bella tivesse de ter grande expressão facial, já que uma das suas características era exactamente a falta de reacção à maioria das situações. Mas quando se chega ao ponto de Kristen Stewart ser tão má actriz que me fez soltar uma gargalhada no que devia ser um dos momentos mais tensos do filme, então se calhar já haverá algum problema. O mesmo se passa com Robert Pattinson, intérprete de Edward, pois durante algum tempo estive indecisa entre a possibilidade de ele estar a ter um aneurisma ou estar a tentar representar a angústia que era tão bem retratada no livro. Em termos de características físicas tive pena que a intérprete de Alice, Ashley Greene, não fosse a minorca saltitante tão marcante na estória original.


Em termos mais técnicos, o filme de Twilight teve algumas falhas. A realização estava bastante razoável, se bem que os flashbacks fossem tão clichê que chegava a doer. Um bom momento de realização e fotografia foi o jogo de basebol da família Cullen e a posterior chegada dos vampiros nómadas Laurent, James e Victoria. Contudo, a escolha da música foi um erro fatal, já que em alguns momentos não se coadunava com a cena a que foi associada. Como exemplo é fácil pensar na colectânea de imagens de Bella e Edward acompanhada de uma música digna de uma perseguição.


Twilight, o livro, conseguiu cumprir aquilo a que se comprometeu, embora a liberdade criativa que Stephenie Meyer usou na mitologia de vampiros tenha sido um pouco excessiva, levando à ideia de que não conseguiria contar a estória se não modificasse todos os mitos a seu belo prazer. É um livro tipicamente para adolescentes que consegue seguir um fio condutor e basear-se em personagens sólidas.

Twilight, o filme, não passou de uma tentativa de ganhar mais uns trocos abusando da sorte e contando com que as adolescentes estivessem tão concentradas nos personagens masculinos e no romance que não necessitariam de nada mais que visualizar os momentos bonitos deste capítulo da saga. Aos restantes espectadores, restou tentar apreciar a realização e compreender com grande esforço a motivação das personagens.

9 comentários:

  1. Eu não sou fã do Crepúsculo, mas vi o filme e acho que muitas das criticas aqui feitas são exageradas e algumas sem fundamento, já que este é um filme para fazer dinheiro e não para ser um marco importante na historia do cinema. Acho que preferível verem o filme por vocês mesmos e tirar as vossas conclusões em vez de tomarem por certo o que esta senhora aqui diz. É a minha opinião.

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  2. Ricardo Branco, eu própria disse que o filme era para fazer dinheiro. Mas mesmo nesse género de filmes seria bom que existissem personagens sólidas (excepto os spoof movies, onde ninguém espera que existam).

    Contudo, se não se importasse de referir onde tenho as críticas sem fundamento eu agradecia. Mas claro que respeito a sua opinião.

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  3. Acho que ainda é de referir que até dentro da Saga literária as coisas tendem a piorar cada vez mais!
    Numa descida que de mau já tem muito, a autora parece ter caído no erro de escrever as últimas obras tendo em conta o contracto que faz desta saga um rio de dinheiro hollywoodesco... perdeu-se o pouco interesse e poder descritivo que existiam.
    Assino por baixo de toda a crítica, parabéns Ana A. é um olho critico infalível! =)

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  4. Pensei fazê-lo, mas visto que estava apenas a referir-me a este livro da saga optei por não o fazer. Pessoalmente o meu preferido foi mesmo o Eclipse, mas o Amanhecer foi tão entediante que quase me fartei. Cheira-me que ela o fez grande à espera que o dividissem em dois filmes.

    Agradeço as palavras, obrigada.

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  5. É bem ruim o filme mesmo... Mas não acho Kristen Stewart uma péssima atriz, creio que é mesmo pela falta de qualidade na direção. Além disso, o seu par romântico é um dos piores atores dessa nova geração - e ele realmente deveria cursar umas aulinhas de teatro urgente.

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  6. Não conheço outros trabalhos dela, mas a cena do ataque de James foi medonha (e não foi medonha no bom sentido).

    O jovem realmente já fazia uso de umas aulinhas, sim.

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  7. Eu não tenho por hábito não ler um livro até ao fim, mas foi o que aconteceu com este. Cheguei a meio e simplesmente não consegui ler mais: pareceu-me demasiado repetitivo. Quanto ao filme, não o vi, portanto não posso criticar.

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  8. Dida, sim, é mais ou menos isso... Não há grande coisa a aproveitar do filme.

    nocas, acredito. Passou-me isso pela cabeça a determinado ponto, mas já que tinha começado decidi acabá-lo e li o resto da saga. Mas se o 4º livro tivesse sido o primeiro não tinha passado dali. Coisa mais entediante.

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