sexta-feira, 29 de janeiro de 2016

Poster e teaser trailer de "Julieta", de Pedro Almodóvar


Além do teaser trailer, foi revelado recentemente o novo poster de Julieta, novo filme do cineasta espanhol Pedro Almodóvar.


Três anos depois de Los amantes pasajeros, o realizador regressa com a história da tumultuosa vida de Julieta (Adriana Ugarte e Emma Suárez), ao longo de trinta anos, entre 1985 e 2015. Ao elenco juntam-se Rossy de Palma (Kika), Michelle Jenner (Isabel), Inma Cuesta (Blancanieves), Darío Grandinetti (Hable con ella), entre outros.

O filme esteve para chamar-se Silencio, mas devido ao lançamento do último filme de Martin Scorsese, Silence, (cuja agenda de promoção acabará por se cruzar), o título acabou por ser alterado para Julieta. Em Portugal, deverá estrear a 21 de Abril.

quarta-feira, 27 de janeiro de 2016

Passatempo Os Oito Odiados

Canal Showtime renova "Billions" para uma segunda temporada


O canal Showtime anunciou a renovação de Billions para uma segunda temporada. O anúncio chega após a exibição de dois episódios da primeira temporada, com uma média de 925 mil espectadores. A estreia da série foi vista por cerca de 6,5 milhões de espectadores, se contarmos com a audiência de outras plataformas.

Billions ambienta-se nos bastidores de Wall Street e acompanha a relação entre Chuck Rhoades (Paul Giamatti), um advogado com temperamento agressivo e Bobby Axelrod (Damian Lewis), um dos homens mais ricos do país. Desconhece-se o número de episódios encomendado para a segunda temporada.

"The Revenant": Selvajaria emocionante e desgastante

Birdman or (The Unexpected Virtue of Ignorance) foi amplamente elogiado, impressionou críticos e espectadores um pouco por todo lado. O mundo inteiro queria saber que faria Alejandro González Iñárritu após tão singular objecto. A sua escolha recaiu na adaptação para o grande ecrã de um western biográfico sobre Hugh Glass. Filmado num meio selvagem durante o inverno rígido canadiano, o filme não se poderia afastar mais da realidade claustrofóbica da obra anterior do cineasta.

O revenant ou renascido do título, segundo se diz, é um fantasma visível ou um cadáver animado que se acredita ter regressado do túmulo para aterrorizar os vivos. Este significado popular encapsula na perfeição a temática do filme, a ideia de que as más acções por vezes não passam impunes, mesmo que as consequências não se observem de imediato. Afinal, um pássaro volta sempre ao mesmo ninho.

O filme pouco ou nada tem a acrescentar, quer em termos narrativos quer históricos, mas é impensável não se acreditar que esse seja exactamente o objectivo do realizador. Durante a acção paira sobre nós uma sensação de vazio, de falta de um sentido para a vida, para toda a violência que visualizamos no ecrã e para tudo o resto que acontece. No entanto, sobreviver a todo esse desespero e desapego é sem dúvida a razão de tudo. Vagamente adaptado a partir do romance de Michael Punke, o argumento de Alejandro González Iñárritu e Mark L. Smith projecta um filme mais experimental do que instigante, mais envolvente do que íntimo.

O maior problema do filme não é a sequência inabalável que mostra o protagonista a ser atacado por uma ursa, por entre gritos agonizantes, estalar de ossos e todo e qualquer detalhe desagradável que uma cena do género implica. O problema é a duração e a simplicidade do filme. Após uma obra subestimada, um conto verdadeiramente fascinante face ao potencial de lutar por um lugar próprio e digno, o realizador dá uma volta de 180.º, onde o ambiente é amplo e as motivações das personagens mais claras.

Depois de vermos o realizador a enfrentar abismais ideias na sua obra anterior, quando comparamos com a deste ano esta fica aquém das expectativas. Após termos conseguido superar o choque das sequências extremamente brutais no início do filme, o restante peso do mesmo e da narrativa recais sobre os ombros do seu actor protagonista, Leonardo DiCaprio que surge como que a lutar contra a superficialidade do seu personagem. A sua interpretação é a mais física de sempre, conseguindo um trabalho incrível, não nos parecendo brejeiro ou inacreditável. No entanto, o seu personagem apenas pode ser visto como alguém que procura vingança.

No seu amor declarado pelo enigmático e realista, que de tão realista se torna falso realismo, o realizador encosta-se completamente e de forma exaustiva ao trabalho do protagonista. Em qualquer imagem do filme o charme pueril de Leonardo DiCaprio está longe de ser encontrado, mascarado por uma pele envelhecida devido a uma vida dura e a todos os elementos que a rodeiam. O actor entrega-se completamente à sua personagem e nós ao final de alguns minutos rendemo-nos completamente a ele.


Embora seja ele a peça central da narrativa, Tom Hardy é o herói não reconhecido. Fitzgerald, o seu personagem, pode ser um autêntico covarde, um racista, um criminoso em fuga, mas o actor consegue fazer desses traços algo humano, mesmo que muitas vezes chegue a ser desconfortável. O seu bandido vicioso só se preocupa com a sua própria sobrevivência, fornecendo o ligeiramente desagradável humor negro que o filme possui. É ainda de ressalvar o trabalho de Domhnall Gleeson como o capitão da armadilhada expedição e Will Poulter como o jovem inocente que tenta não se perder por entre os literais e metafóricos vícios da vida.

As cenas com a ursa, que provavelmente serão aquelas que mais publicidade obtiveram, mesmo quando comparada com o próprio filme, são momentos cinemáticos angustiantes, independentemente do nosso conhecimento prévio relativo às cenas em questão. É graças exclusivamente ao trabalho de Leonardo DiCaprio, que nos leva a ficar momentaneamente sem fôlego e alarmados pela implacabilidade do momento.

O conceito de respiração aparece repetidas vezes durante o filme. Mesmo antes de tudo começar, da primeira imagem surgir no ecrã, podemos ouvir alguém a respirar de forma profunda enquanto dorme. Mais à frente a câmara é colocada tão em cima dos actores que a sua respiração embacia a lente. Engenhos como este não deveriam ser surpresa para ninguém quando pensamos que o responsável por eles é o director de fotografia Emmanuel Lubezki.

Célebre pelo seu trabalho em Gravity e Birdman, aqui consegue um trabalho não menos impressionante. As maravilhosas fotografias de paisagens sob a rigidez do inverno encapsulam a beleza da natureza e funcionam enquanto lembrete constante de que mesmo por entre toda a selvajaria dos que nos rodeiam, a nossa vida é algo pela qual vale a pena lutar. A envolvente cena da batalha entre os índios e o grupo de Hugh Glass é assustadoramente real e implacável. Meticulosamente coreografada, a cena repleta de mortes move-se a um ritmo frenético, com muito poucos cortes. A inclinação da câmara em direcção ao céu após o assentar da poeira informa-nos que alguém nos observa lá de cima.


A banda sonora composta por Ryuichi Sakamoto roça o perfeito ainda que seja deveras minimalista. Com maravilhosos efeitos visuais faz sentido manter a música a um nível de ambiente. O compositor contidamente mistura instrumentos sinfónicos com influências electrónicas de forma a criar momentos sobre o lado calmo da vida, de reflexão e meditação. The Renevant consegue deixar-nos boquiabertos visualmente e emocionalmente pelas melhores razões possíveis. Belo, polido e primorosamente construído consegue ser ao mesmo tempo cru, imperfeito e visceral. Trata-se de um teste de resistência pelo qual vale a pena terminarmos desgastados.

"The Magicians", por Telmo Couto (Antevisão)


Estreia amanhã, 28 de janeiro, a série "The Magicians", nova aposta do canal SyFy no género da fantasia. Baseada no livro homónimo de Lev Grossman, a série mostra-nos um mundo onde a magia é real, combinando eficazmente conceitos de "Harry Potter" com vários troços das histórias para jovens adultos.

Quentin Coldwater é um jovem que desde pequeno sempre acreditou em magia, mas só na altura de entrar para a Universidade descobre que esta é real e não apenas um conjunto de ilusões. A primeira hora da série serve, então, para nos apresentar este personagem e o seu grupo de amigos na mágica Universidade de Brakebills, que esconde um terrível segredo: uma misteriosa criatura conhecida como Besta assombra o passado da universidade. Todos os alunos têm diferentes habilidades mágicas, o que tem um grande impacto nas dinâmicas de grupo entre os colegas, dando origem às naturais rivalidades. Por outro lado, há também uma organização de mágicos alheia à academia e cujas motivações são uma incógnita.

Embora o argumento pareça pouco original e seja fácil encontrar várias referências da literatura e do cinema fantástico, a história consegue ser bastante envolvente e os personagens interessantes, mesmo que nenhum papel pareça puxar muito pelo desempenho dos atores. Uma série com magia precisa de efeitos especiais e, nesse departamento, estão todos muito bem conseguidos desde os pequenos truques dos personagens até à impressionante representação da Besta.

Enquanto piloto, o primeiro episódio é bem sucedido em cativar a audiência, deixando-a em suspenso para a segunda hora. Numa impressão inicial, esta é uma série com potencial para angariar uma boa legião de seguidores entre os fãs do género e, se mantiver um bom rumo, conquistar um lugar na cultura pop internacional.

Em Portugal, The Magicians será exibida às quintas-feiras no SyFy e começa já amanhã a partir das 22:10 com um episódio duplo.

Estreias 28 Jan'16: Spotlight, Regression, Goosebumps, Jogo de Damas, Quatro e 13 Hours: The Secret Soldiers of Benghazi

Dia 28 de Janeiro, pode contar com as seguintes estreias numa sala de cinema perto de si:

Destaques:

  O Caso Spotlight (Spotlight)
Ano: 2015
Realização:
Argumento:  ,
A equipa “Spotlight” do jornal “Boston Globe” era formada por um conceituado grupo de jornalistas de investigação. Em finais de 2001, vêem-se a braços com um caso em que vários padres da Igreja Católica são acusados de abusos sexuais a crianças da comunidade. Ao investigarem a fundo, dão-se conta de décadas de encobrimento que envolve os mais altos níveis das instituições da cidade de Boston, seja a nível religioso ou mesmo político. Decididos a mostrar a verdade e a levar os responsáveis a tribunal, a equipa de jornalistas empenha-se em encontrar provas irrefutáveis. Para isso, entrevista vítimas, procura dados de arquivo e contrapõe testemunhos ao mesmo tempo que se vê obrigada a fazer frente ao sigilo da instituição eclesiástica. Este caso de pedofilia, que chegou às primeiras páginas dos jornais de todo o Mundo, abalou profundamente a Igreja Católica. Desde então, vários casos similares foram tornados públicos, muitas vítimas contaram as suas histórias e muitos padres foram condenados. Com esta investigação, o jornal “Boston Globe” venceu o Prémio Pulitzer por serviço público. Realizado por Thomas McCarthy (“O Sapateiro Mágico”) e com Mark Ruffalo, Michael Keaton, Rachel McAdams, John Slattery, Stanley Tucci, Brian d'Arcy James, Liev Schreiber e Billy Crudup nos papéis principais, um drama biográfico que se baseia num caso real que chocou a opinião pública.

Outras sugestões:

Regressão (Regression)

Ano: 2015
Realização:
Argumento:
Género: Thriller
Elenco: , ,

Minnesota (EUA), década de 1990. O detective Bruce Kenner investiga o caso de John Gray, acusado de abusar sexualmente de Angela, a sua filha adolescente. Apesar de não ter qualquer recordação do sucedido, ele assume-se como culpado e é preso. De forma a recuperar a memória, John recorre ao Dr. Raines, um psicólogo de renome que, com o tempo, consegue avivar as suas lembranças. E é assim que, à medida que as sessões de psicoterapia avançam, todos se apercebem de que aquele crime hediondo é ainda mais complexo do que parece à primeira vista e que está de algum modo relacionado com um culto satânico… Um “thriller” psicológico que conta com realização e argumento de Alejandro Amenábar (realizador de “Os Outros” e "Mar Adentro" – que lhe valeu o Óscar de Melhor Filme Estrangeiro). Emma Watson, Ethan Hawke, David Thewlis e David Dencik dão vida aos protagonistas.


Goosebumps: Arrepios (Goosebumps)

Ano: 2015
Realização:
Argumento: Darren Lemke
Género: Comédia, Aventura
Elenco: Jack Black, Dylan Minnette, Odeya Rush, ,

Zach Cooper sente-se bastante deprimido desde que deixou Nova Iorque e se mudou para Greendale. Habituado ao bulício de uma grande cidade, para ele não é fácil adaptar-se à pacatez de um lugar onde nada parece acontecer. É então que conhece Hannah – a sua jovem e belíssima vizinha do lado – e Champ, um colega de escola cuja inteligência é proporcionalmente inversa à popularidade. Ao tentar criar alguma intimidade com Hannah, Zach descobre que o pai dela é um eremita que tudo fará para o manter à distância. O mais sinistro é quando se apercebe de que ele é, nada mais, nada menos, do que o mundialmente famoso escritor R. L. Stine (conhecido por várias colecções juvenis de histórias de terror) e que, trancados na sua biblioteca privada, estão todos os monstros por si criados em cada um dos livros que escreveu. E quando Zach e Champ, distraidamente, libertam os monstros dos seus manuscritos, estes começam a espalhar-se pela cidade, lançando o pânico por onde passam. Agora, sem saberem muito bem como, Zach, Champ e Hannah – com a ajuda do próprio Stine – vão ter de arranjar um modo de os capturar e os enviar novamente para o lugar de onde nunca deveriam ter saído. Com realização de Rob Letterman (“O Gang dos Tubarões”, “Monstros vs. Aliens” ou “As Viagens de Gulliver”) segundo um argumento de Darren Lemke, um filme de aventura que se inspira na série juvenil “Arrepios”, do escritor Robert Lawrence Stine (conhecido por R. L. Stine). Para além de Jack Black no papel do escritor, o elenco conta também com Dylan Minnette, Odeya Rush, Ryan Lee, Amy Ryan, Halston Sage e Jillian Bell.

Jogo de Damas (Jogo de Damas)

Ano: 2013

Cinco mulheres reencontram-se devido ao funeral de Marta, uma amiga em comum. Ao longo de uma noite, que decidem passar na casa de turismo rural que Marta nunca chegou a inaugurar, as cinco mulheres dividem segredos, recordam a amizade que as une e reflectem sobre a existência… Um filme sobre a amizade e a perda que marca a estreia em cinema de Patrícia Sequeira. O argumento é da responsabilidade de Filipa Leal, a partir de uma ideia da realizadora, com diálogos criados pelas actrizes Ana Nave, Ana Padrão, Fátima Belo, Maria João Luís e Rita Blanco, num processo de trabalho que antecedeu a rodagem, em 2014. Segundo as palavras de Patrícia Sequeira, “este é um filme sobre pessoas, é um jogo entre realidade e ficção, porque cada uma das actrizes colocou lá as suas coisas – quem as conhece vai perceber isso”.

Quatro (Quatro)

Ano: 2014
Realização:
Género: Documentário
Produzido pela Filmes do Tejo II e assinado por João Botelho, um documentário que apresenta duas duplas de artistas: Francisco Tropa e o seu irmão Pedro, e João Queiroz e o seu irmão Jorge. Segundo as palavras do realizador: “Isto não é um filme que põe os artistas a falar, mas que mostra os artistas a fazer, que mostra os seus processos de trabalho”, diz, antes de revelar o encontro que esteve na origem do filme: “Conheci-os através de uma amiga comum e visitei-os num edifício, na Avenida da Liberdade, onde trabalham. São artistas excelentes, pessoas formidáveis que formam uma família, uma escola, pois ajudam outros artistas, mais jovens. Do trabalho de João [Queiroz] tinha visto uma ou duas pinturas, mas depois vi a exposição na Culturgest e fiquei maravilhado. Os outros, fui conhecendo. São belíssimos artistas. Estão todos aqui.”

13 Horas: Os Soldados Secretos de Benghazi
 (13 Hours: The Secret Soldiers of Bengazhi)

Ano: 2016
Realização:
Género: Drama, Thriller
Argumento:
Elenco: , ,
No dia 11 de Setembro de 2012, no aniversário dos ataques terroristas contra as torres gémeas de Nova Iorque, EUA, um grupo de militares islâmicos atacou um complexo militar americano e a base da CIA na cidade de Benghazi, Líbia. Foram mortas quatro pessoas de nacionalidade norte-americana, incluindo J. Christopher Stevens, o embaixador dos EUA, Sean Smith, especialista em tecnologia, e os oficiais Tyrone S. Woods e Glen Doherty. É então que uma equipa de seis ex-militares de elite, treinados para responder com urgência e eficácia a um ataque sejam quais forem as condições, foi enviada em auxílio dos sobreviventes. Com uma enorme demonstração de coragem e sentido de dever, estes homens tiveram apenas 13 horas para salvar a vida a 36 pessoas, evitando uma tragédia de ainda maiores proporções. Baseado em factos verídicos relatados no livro homónimo escrito, em 2014, por Mitchell Zuckoff, um “thriller” político produzido e realizado de Michael Bay (“O Rochedo”, “Armageddon”, “Pearl Harbor” e, mais recentemente, a saga “Transformers”). O argumento é da autoria de Chuck Hogan e o elenco conta com James Badge Dale, John Krasinski, Max Martini, Toby Stephens, Pablo Schreiber, David Denman, Dominic Fumusa, Freddie Stroma ou Alexia Barlier, entre outros.
Sinopses: Cinecartaz Público

terça-feira, 26 de janeiro de 2016

Producers Guild Awards coloca "The Big Short" na frente da corrida aos Óscares


Numa surpreendente reviravolta, The Big Short venceu o prémio Darryl F. Zanuck da Producers Guild of America como o melhor filme do ano. Dezanove vezes de um total de vinte e cinco, o vencedor do PGA coincidiu com o Óscar de Melhor Filme, sendo que tal aconteceu sete vezes consecutivas nos últimos anos. O filme poderá ser a primeira comédia a vencer o Óscar de Melhor Filme desde Annie Hall.

Em televisão, Game of Thrones, Transparent e Fargo lideram as suas categorias.

CINEMA

Longa-metragem
The Big Short

Filme de Animação
Inside Out

Documentário
Amy


TELEVISÃO

Telefilme ou Minissérie
Fargo

Série Dramática
Game of Thrones

Série de Comédia
Transparent

Programa de Desporto
Real Sports with Bryant Gumbel

Série Digital
Comedians in Cars Getting Coffee

Programa de Não-Ficção
The Jinx: The Life and Deaths of Robert Durst

Programa de Competição
The Voice

Programa de Infantil
Sesame Street

sexta-feira, 22 de janeiro de 2016

Entrevista com Corinna Lawrenz, Programadora da KINO 2016


Corinna Lawrenz assume pela primeira vez as rédeas da KINO, a Mostra de Cinema Alemão que passará mais uma vez por Lisboa, Porto e Coimbra.

O Split Screen aproveitou para trocarl algumas impressões com a programadora da KINO 2016 acerca desta edição mas, igualmente, daquilo que poderá ser o futuro da KINO com ela ao leme.



Sendo esta a sua primeira KINO enquanto programadora, a primeira pergunta tem de ser como vê o festival que recebeu e o que mudou para esta edição?

A KINO é um festival que cresceu de uma forma extraordinária durante os últimos anos. É um dos festivais mais antigos de Lisboa, começou como uma Mostra pequena no próprio Goethe-Institut e é hoje um evento de oito dias, várias secções, retrospectiva e convidados. É, por isso, tanto uma honra como um grande desafio ser programadora deste festival. 
Neste sentido, as mudanças nesta edição são também em primeiro lugar alterações pequenas em alguns pontos da programação. Introduzimos a linha programática “Novas Perspectivas” que, em todas as secções do festival, dá a conhecer primeiras obras de jovens realizadores. Voltamos a ter sessões dedicadas exclusivamente à arte da curta-metragem e queremos reforçar esta parte do festival nos próximos anos. Alargámos o leque de convidados (teremos este ano o Ulrich Peltzer, co-autor do filme de abertura, Rosa von Praunheim, Elfi Mikesch, Oliver Sechting e Karl Markovics) e apresentamos uma retrospectiva em colaboração com a Cinemateca e Augusto M. Seabra.



O que espera que a sua selecção mostre aos portugueses, não só acerca do cinema, mas acerca da actual cultura Alemã?

Acho que é uma pergunta complicada, até porque não é o meu objetivo principal “mostrar” alguma coisa de uma forma muito explícita. Se as pessoas saírem das nossas sessões a dizer que acabaram de ver bom cinema, estou contente. Se, para além disso, acham que chegaram a saber algo de novo sobre os países de língua alemã (não estamos a falar só da Alemanha) ou as suas culturas, muito bem. Mas acho que os dois aspectos têm de andar de mãos dadas. O documentário “Freiräume” por exemplo, levanta uma questão muito básica (a de como lidamos com mudanças drásticas nas nossas vidas) e conta quatro histórias individuais, trabalhando com a ausência visual e à presença da voz de cada uma das entrevistadas. Os espaços que mostra são espaços muito específicos de uma zona específica da Alemanha, mas a questão que está no fundo é muito mais abrangente.



No seu gosto pessoal, quais são as sessões que sente que o público não deve perder?

As sessões de abertura e encerramento, obviamente. Para além disso, gostava de dar um destaque especial às Novas Perspectivas que são uma oportunidade de ver obras de jovens realizadores, em parte provenientes da Berlinale do ano passado. Finalmente, acho que as sessões de curtas-metragens valem muito a pena porque dão a conhecer abordagens cinematográficas diferentes.



O que afirmará a retrospectiva da obra de Rosa von Praunheim em pleno 2016?

Se olharmos para Novembro de 2015 em Portugal e para a aprovação da lei de adopção de crianças por casais gay, penso que esta retrospectiva (e talvez o termo ciclo seja, por isso, mais adequado) é uma das mais atuais que podíamos fazer este ano – tanto neste sentido como olhando para a Berlinale do ano passado onde o Rosa apresentou o mais recente filme dele. Ademais, para além de o cinema dele ter tido uma importância social e cultural muito elevada – e não só na Alemanha – , um documentário tão pessoal como “Meine Mütter” também nos conta a história de uma vida cunhada pela história alemã do século passado.



O que teve de ficar de fora da selecção deste ano mas sente que o público precisava ainda de ver?

Sobretudo, podíamos ainda ter alargada a selecção de filmes inseridos nas Novas Perspectivas. Tivemos, de facto, uma selecção fantástica neste ponto. Para além disso, na secção KINOdoc (e também, mas de uma forma menos drástica, na Mostra Principal) houve algumas temáticas que achei igualmente importante mas que ficaram de fora desta vez por termos dado o foco na questão dos refugiados que nos pareceu muito importante este ano. Há um grande potencial para as próximas edições e é, por isso, algo que me deixa ficar muito contente.



Em que medida se têm equilibrado a descoberta do mais recente cinema Alemão pelo público português e o chamamento aos alemães residentes em Lisboa?

Não gosto de pensar isto como dois públicos separados. Acho que dá a conhecer o mais recente cinema de expressão alemã, e dar a conhecer tanto as obras dos grandes nomes do cinema alemão como filmes que não entram necessariamente nos circuitos comerciais cá em Portugal, é a intenção em relação a todo o tipo de público. É óbvio que depois há olhares diferentes sobre os filmes. Pensando, por exemplo, na sessão dupla de “Ein idealer Ort” e “Bube Stur”: são filmes que em primeiro lugar contam histórias particulares, mas também permitem um olhar sobre realidades sociais e políticas da vida nas zonas rurais da Alemanha, e finalmente também são filmes esteticamente muito interessantes. Dependendo do ponto de vista de cada um, podem ser interessantes por um ou mais desses aspectos. É isso que me interessa – exibir filmes que podemos abordar e achar importantes por várias razões.   
O que acho importante é encontrar pontos de convergência. O público alemão que temos é tudo menos homogéneo, alguns com um interesse especial pelo cinema alemão, outros com um interesse forte no cinema em geral. Por isso, a nossa programação não é pensado para dois públicos separados, mas sim para um público que gosta de ver cinema.



Fatih Akin e Karl Markovics (sobretudo como actor) são o mais próximo que estamos de ter autores reconhecidos por um público mais alargado. E a submissão deste ano da Alemanha ao Oscar de Melhor Filme de Língua Estrangeira, Labirinto de Mentiras, passou por cá tanto em festival (Judaica) como em sala passando despercebido de uma forma geral. Como vê que se pudesse dar o salto da mostra para uma maior entrada do cinema alemão no mercado português?

É uma questão que obviamente não diz respeito só ao cinema alemão, mas a grande parte do cinema europeu. Mesmo assim, penso que o cinema alemão até teve uma presença relativamente boa nas salas portuguesas no ano passado (se pensamos em “Phoenix”, por exemplo). Sempre que houver esta hipótese, gostamos de fazer ante-estreias durante a KINO com o objectivo de chamar atenção para filmes que passam pelas salas portuguesas e esperamos reforçar este tipo de colaborações nos próximos anos.



Pensando a médio prazo, se é que tal é possível, o que gostaria que o KINO fosse daqui por cinco anos?

Em primeiro lugar, gostava de continuar o trabalho das últimas 12 edições da KINO e contribuir para que o festival possa crescer – não tanto em termos de quantidade de exibições, mas antes em aspectos de programação tanto no que diz respeito às principais secções como à Mostra para Escolas. Para além disso, gostava que a KINO se tornasse mais num ponto de encontro entre o público português e realizadores, conhecidos ou jovens, da Alemanha. E também entre jovens realizadores portugueses e alemães.



Se não tivesse limitações de qualquer tipo, qual seria a sua concepção para um KINO ideal?

Acho que a minha resposta a esta pergunta é basicamente a mesma que a anterior. Gosto de pensar em pequenos passos para conseguir estes objectivos e num desenvolvimento gradual dos próprios objectivos.



quarta-feira, 20 de janeiro de 2016

Presença portuguesa no Festival de Berlim 2016


A 66.ª edição do Festival de Berlim torna-se já uma das mais antecipadas de sempre, com a presença confirmada de, pelo menos, sete filmes de produção portuguesa. Um deles compete mesmo pelo Urso de Ouro, galardão máximo do festival berlinense, e chega pelas mãos do realizador Ivo M. Ferreira (Águas Mil) que adapta ao cinema o livro D'Este Viver Aqui Neste Papel Descripto, de Maria José e Joana Lobo Antunes.

Cartas da Guerra parte desta compilação de cartas de António Lobo Antunes, escritas no período em que serviu o exército português na guerra colonial. Miguel Nunes (Cisne) interpreta António, que escreve cartas à mulher Maria José (Margarida Vila-Nova), à medida que se afunda num cenário de crescente violências em diversos aquartelamentos, se apaixona por África e amadurece politicamente.

Na competição também, mas na secção de curtas-metragens, tomarão lugar Balada de um Batráquio, de Leonor Teles (Rhoma Acans) e Freud und Friends, de Gabriel Abrantes (Taprobana).

Já a secção Forum, considerada uma das mais arriscadas do festival e aqui na sua 46.ª edição, é agraciada por filmes de quatro jovens realizadores portugueses: Salomé Lamas com Eldorado XXI, Hugo Vieira da Silva com Posto Avançado de Progresso e a dupla Maya Kosa e Sérgio da Costa com Rio Corgo. O programa Forum Expanded integra também L'Oiseau de la Nuit, de Marie Losier (uma produção do IndieLisboa, sobre a Deborah Krystal).

Num outro dos programas paralelos do festival, o Berlinale Talents, estarão presentes o produtor Pedro Fernandes Duarte (A Vida Invisível) e os realizadores André Marques (Luminita) e Inês Oliveira (Bobô). O programa Co-production Market terá Gonçalo Waddington à procura de parceiros para a produção da sua primeira longa-metragem como realizador, Patrick.

Entre os nomes incluídos na competição oficial estão Denis Côté, Lav Diaz, Mia Hansen-Love, Thomas Vinterberg, Jeff Nichols, Danis Tanovic e André Téchiné. O júri será presidido pela actriz Meryl Streep. O festival decorre de 11 a 21 de Fevereiro.

Competição oficial

  • 24 Weeks, de Anne Zohra Berrached (Alemanha)
  • Crosscurrent, de Yang Chao (China)
  • Chi-raq, de Spike Lee (EUA) - Fora de competição
  • Des nouvelles de la planète Mars, de Dominik Moll (França, Bélgica) - Fora de competição
  • Hedi, de Mohamed Ben Attia (Tunísia, Bélgica, França)
  • Mahana, de Lee Tamahori (Nova Zelândia) - Fora de competição
  • Saint Amour, de Benoît Delépine e Gustave Kervern (França, Bélgica) - Fora de competição)
  • Soy Nero, de Rafi Pitts (Alemanha, França, México)
  • Alone in Berlin, de Vincent Perez (Alemanha, França, Reino Unido)
  • Boris san Béatrice, de Denis Côté (Canadá)
  • Cartas da Guerra, de Ivo M. Ferreira (Portugal)
  • A Dragon Arrives!, de Mani Haghighi (Irão)
  • Fire at Sea, de Gianfranco Rosi (Itália, França)
  • Genius, de Michael Grandage (Reino Unido, EUA)
  • Hail, Caesar!, de Joel e Ethan Coen (EUA, Reino Unido)
  • A Lullaby to the Sorrowful Mystery, de Lav Diaz (Filipinas, Singapura)
  • The Commune, de Thomas Vinterberg (Dinamarca, Suécia, Holanda)
  • L'avenir, de Mia Hansen-Love (França, Alemanha)
  • Midnight Special, de Jeff Nichols (EUA)
  • Quand on a 17 ans, de André Téchiné (França)
  • Death in Sarajevo, de Danis Tanovic (França, Bósnia e Herzegovina)
  • Zero Days, de Alex Gibney (EUA)
  • United States of Love, de Tomasz Wasilewski (Polónia, Suécia)

Estreias 21 Jan'16: The Revenant, Anomalisa, Umrika, Antboy, Chloe & Theo, Dirty Grandpa, The Canal

Dia 21 de Janeiro, pode contar com as seguintes estreias numa sala de cinema perto de si:

Destaques:

  The Revenant: O Renascido (The Revenant)
Ano: 2015
Década de 1820. Durante uma expedição pelo interior do território americano, ainda habitado por tribos indígenas, o caçador e explorador Hugh Glass é atacado por um urso, que o deixa à beira da morte. Ao perceberem a gravidade do ataque, os seus companheiros abandonam-no à sua sorte e levam os seus pertences. Assim, gravemente ferido, sem armas, equipamentos ou mantimentos, ele vê-se numa luta desesperada por se manter vivo. Porém, sustentado por uma extraordinária força interior e desejo de vingança, acorda em cada dia determinado a voltar a casa… Um drama biográfico realizado pelo oscarizado Alejandro González Iñárritu (“Amor Cão”, “21 Gramas”, “Biutiful”, “Babel”, “Birdman ou (A Inesperada Virtude da Ignorância)”) que adapta a verdadeira história do norte-americano Hugh Glass, relatada na obra “The Revenant: A Novel of Revenge”, escrita por Michael Punke em 2002. Este filme está nomeado para 12 Óscares da Academia, com Alejandro G. Iñarritú, Leonardo DiCaprio e Tom Hardy candidatos à estatueta de Melhor Realizador, Actor e Actor Secundário, respectivamente.

Outras sugestões:

Anomalisa (Anomalisa)

Ano: 2015
Realização: ,
Argumento:
Género: Animação

Michael Stone ganhou fama e fortuna com o seu livro de auto-ajuda “Como Posso Ajudá-lo a Ajudá-los?”. Todavia, ele é um homem melancólico, misantropo e amargurado com a sua própria vida. Quando se desloca ao Connecticut (EUA) para uma palestra, conhece Lisa, uma pessoa muito especial por quem se apaixona profundamente. Em poucos dias os dois vivem uma intensa história de amor e Michael sente-se renascer. Porém, ele é um pai de família respeitado e, mais tarde ou mais cedo, chegará momento de regressar à sua existência de sempre… Realizado por Charlie Kaufman e Duke Johnson, um filme de animação em "stop motion" para o público adulto que recria a peça homónima também da autoria de Kaufman (sob o pseudónimo de Francis Fregoli). No filme, podemos ouvir as vozes de David Thewlis, Jennifer Jason Leigh e Tom Noonan.


Umrika - Em Busca do El Dorado (Umrika)

Ano: 2015
Realização:
Argumento:
Género: Drama
Elenco:

Jitvapur, Índia, décadas de 1970/80. Para enorme prazer da progenitora, que sempre desejou o melhor para os seus filhos, Udai (Prateik) está pronto para emigrar para a América (ou "Umrika", como é conhecida por eles). Toda a vila se reúne na excitação da partida. Os anos passam. Ramakant, o irmão mais novo, percebe a enorme alegria com que as cartas de Udai são recebidas por toda a família. Até que o progenitor morre num acidente. Quando remexe nas coisas por ele deixadas, o rapaz percebe quem, afinal, escreveu as cartas vindas da “Umrika”. É assim que, preocupado com o que se terá passado com o irmão, decide partir para a grande cidade com Lalu (Tony Revolori), o seu melhor amigo, e saber o que se terá passado… Estreado em 2015 no Festival de Cinema de Sundance (EUA), onde arrecadou o Prémio do Público, uma comédia dramática que conta com argumento e realização do indiano Prashant Nair.

O Super-Formiga (Antboy)

Ano: 2013
Realização:
Argumento: Anders Ølholm
Género: Drama, Aventura
Elenco: , ,

Pelle, de 12 anos, é um rapaz tímido e pouco popular que se esforça por ser aceite pelos seus pares. Um dia é acidentalmente picado por uma formiga geneticamente modificada. Este incidente seria rapidamente esquecido não fosse o caso de lhe alterar de tal forma o metabolismo que lhe faz aparecer uns poderes misteriosos. Inexplicavelmente, Pelle começa a perceber em si capacidades nunca antes vistas que lhe fazem ver o mundo de uma outra maneira. Assim, com a ajuda do seu melhor amigo Wilhelm, um fanático de banda desenhada, ele transforma-se no Super-Formiga, uma espécie de alter-ego que o ajudará a acabar de vez com as injustiças e a tornar o mundo um lugar melhor para viver. Porém, como todos sabemos, para cada super-herói há sempre um supervilão que é necessário vencer… Com realização do dinamarquês Ask Hasselbalch, um filme de acção e aventura para os mais jovens que se inspira nos livros de BD de Kenneth Bogh Andersen.

Chloe e Theo - Uma Missão Para Salvar o Mundo (Chloe & Theo)

Ano: 2015
Realização:
Argumento:
Género: Drama, Comédia
Elenco: , ,
A jovem Chloe nunca se sentiu confortável no que é considerado “normalidade”. Por esse motivo, ela vive nas ruas de Nova Iorque (EUA) em busca de um verdadeiro propósito para a sua existência. Um dia o seu destino cruza-se com Theo, um esquimó Inuit que lhe diz ter sido enviado pelos seus anciãos para consciencializar os líderes mundiais dos efeitos devastadores do aquecimento global. Chloe encontra ali a motivação de que necessitava para lutar por uma causa. Os dois formam assim uma amizade improvável que mudará as suas vidas. E com a ajuda de Monica, uma advogada idealista, Chloe e Theo levam a sua história até às Nações Unidas, na esperança de mudar mentalidades e salvar o mundo da total destruição… Com realização e argumento de Ezna Sands (“Tontine”), uma comédia dramática que conta com a participação de Theo Ikummaq, Dakota Johnson e Mira Sorvino, entre muitos outros.

Um Avô Muito à Frente (Dirty Grandpa)

Ano: 2016
Realização:
Argumento:
Género: Comédia
Elenco: ,
A poucos dias do seu casamento com Meredith, a namorada de sempre, e prestes a tornar-se sócio do escritório de advocacia do futuro sogro, Jason Kelly é incumbido de uma tarefa que promete alguns riscos: levar Dick, o avô, a Boca Raton, uma cidade costeira da Florida (EUA). Decidido a dar mais uma oportunidade à felicidade depois do recente falecimento da sua mulher, Dick está empenhado em aproveitar o que a vida ainda tem para lhe oferecer. Para isso, arrastando o neto consigo, entra numa espiral desenfreada de divertimento que não pretende abandonar tão cedo. E é assim que Jason – que segundo a perspectiva do avô, está prestes a cometer o maior erro da sua vida ao casar-se – vai descobrir que o velho senhor é ainda mais doido do que ele alguma vez poderia pensar e que, ao contrário de si, não tem quaisquer escrúpulos em aproveitar os dias que lhe restam viver… Com realização de Dan Mazer segundo um argumento de John Phillips, uma comédia que conta com Robert De Niro, Zac Efron e Zoey Deutch nos papéis principais.

The Canal - Entidade Sinistra (The Canal)

Ano: 2014
Realização:
Argumento:
Género: Terror
Elenco: , ,
Quando David, um arquivista de cinema, vê umas filmagens do princípio do século XX que lhe mostram que a casa onde vive com a mulher e o filho foi palco de um crime hediondo, fica transtornado. Apesar do esforço para considerar que tudo isso faz parte do passado, depressa percebe que a situação que motivou o crime parece estar a repetir-se no presente. E quando descobre que a sua mulher, tal como a mulher assassinada um século antes, tem um caso extraconjugal com um colega de trabalho, David não consegue evitar suspeitar que os espíritos da casa estão de alguma forma envolvidos. Assim, na sua tentativa de perceber o que se passa, vê-se enredado numa situação que parece querer levá-lo à loucura… Um filme de terror psicológico escrito e realizado por Ivan Kavanagh que conta com a participação de Rupert Evans, Antonia Campbell-Hughes, Hannah Hoekstra e Kelly Byrne.
Sinopses: Cinecartaz Público

terça-feira, 19 de janeiro de 2016

"The Big Short": A crise financeira para principiantes

Por Miguel Stichini.

A economia mundial entrou em colapso em 2008, muito por causa do poder sem controlo do sector bancário e da sua predilecção para realizar apostas arriscadas e gigantescas face ao mercado imobiliário. O sector investiu milhares iludido que o retorno seria astronómico. Eis que lhes saiu o tiro pela culatra. Banqueiros por toda a América decidiram tratar as poupanças e empréstimos de milhares de pessoas como fichas de póquer num casino pessoal. Eventualmente acabaram por perder e quem pagou foram os contribuintes.

Talvez o póquer não seja a melhor das metáforas. Talvez eles estivessem antes a jogar blackjack ou roleta russa. Ou quem sabe estivessem a jogar Jenga e quando as pessoas deixaram de poder pagar empréstimos ou hipotecas a torre cedeu e caiu. O realizador e argumentista Adam McKay recorre a todas estas metáforas e mais alguma, ao ponto de colocar em cena uma mulher nua dentro de uma banheira para apimentar os argumentos sobre o assunto.

No seu mais recente filme o cineasta decide recontar, sem paninhos quentes, a história de um esquema financeiro que destruiu milhares de vidas em todo o mundo. É exactamente isso que ele faz, com as devidas precauções capta a raiva que os americanos sentiram quando viram milhares de dólares dos contribuintes serem gastos no resgate de um sistema defeituoso, fornecendo um pára-quedas aos bancos e assegurando que mais tarde ou mais cedo estes voltarão a governar.

A dupla de argumentistas, composta pelo realizador e por Charles Randolph, adapta o romance homónimo de Michael Lewis sublinhando cada detalhe repugnante com um ligeiro despeito contido, focando os grandes nomes por detrás destes acontecimentos enquanto coloca todas as cartas na mesa. Existe um momento em particular onde Mark Baum se senta à mesa com Mr. Chau,  que se ri na cara de cada pobre coitado que caiu no erro de comprar um dos seus pacotes CDO (collateralized debt obligation). Outra personagem, interpretada por Max Greenfield gaba-se de se aproveitar da ignorância de dançarinas exóticas quando estas concordam em contrair ultrajantes empréstimos que nunca conseguirão pagar.

Pode parecer ficção hollywoodiana, mas quando pensamos na difícil situação financeira que estas acções provocaram, como podemos negar a veracidade de tamanhas atrocidades que a sangue frio conseguiram afundar um mercado outrora indestrutível?

A transparência com que o assunto é abordado rapidamente se torna num dos pontos fortes do filme, pois este sabe o que os espectadores querem e sabe como servi-lo na perfeição. Apelativo às grandes massas, movido por estrelas com uma carinha laroca que nos alimentam com dados históricos e que nunca deixam o brilho de Hollywood prejudicar uma sensação de obscuridade e secretismo subjacentes aos referidos eventos.

Teria sido mais fácil focar o argumento na ambiguidade moral dos indivíduos que saíram a ganhar com a maior queda financeira americana, mas o argumento não poderia deixar de colocar o seu holofote sobre os bancos e entidades governamentais que tentaram (e que em quase todos os sentidos foram bem sucedidos) negar os seus actos fraudulentos e negligências. O realizador destaca a natureza duvidosa da indústria, mesmo quando troça dela. Por exemplo, a linguagem complicada do sector bancário é possivelmente útil para aqueles que nele trabalham, mas para os leigos não passam de meros sons, principalmente quando reduzida a siglas e acrónimos. Para desenvolver explicações visuais, o realizador recorre a um grupo de nomes conhecidos – Anthony Bourdain, Margot Robbie e Selena Gomez – que trocam por miúdos o significado de CDO ou subprime mortgage rates. Ainda assim, este filme demanda que o visualizemos algumas vezes para compreendermos plenamente a extensão da teoria económica e fiscal. Não nos podemos esquecer que não se trata de um documentário e não deve ser visto como tal.


Do esmagador elenco destaca-se um impressionante Steve Carell, que uma vez mais prova que o seu lado profundo e dramático tem sido mal aproveitado. Ele polvilha a sua personagem Mark Baum com o desprezo social de Michael Scott de The Office e com a intensidade de John Du Pont de Foxcatcher, adicionando uma raiva moral que une tudo isto de forma surpreendente. Christian Bale, um actor que parece incapaz de não submergir completamente nas suas personagens, combina o distanciamento e o peso da genialidade num personagem desconexa de tudo o resto, sendo talvez a mais empática e inspiradora.

No entanto, a verdadeira estrela do filme é, de longe, o seu realizador, que de forma retroactiva faz com que as suas comédias Talladega Nights: The Ballad of Ricky Bobby (2006) e Step Brothers (2008) ganhem um lado profundamente astuto, ao conseguir demonstrar a forma clara como habilmente consegue comicamente reflectir sobre o drama da vida real.

Por entre alguns pequenos problemas com os quais podemos facilmente lidar, há um que deixará muitos ligeiramente irritados. O filme é sobre Wall Street e como tal grande parte das suas personagens será do sexo masculino. Quando faz sentido que um filme apenas tenha um elenco masculino, como acontecera com The Thing (1982) de John Carpenter, a maioria das pessoas deixa passar esse lado pouco feminista. Contudo, só porque um filme é sobre referido género, não significa que tem de ser completamente patético no retratato que faz das mulheres. Todos os personagens femininos aqui presentes são caricaturas frágeis colocadas na história para apoiar ou impedir um dos personagens ou simplesmente como objectos sexuais com o mero intuito de manter o público interessado em algo que tende para o aborrecido. Margot Robbie aparece nua num banho de espuma para nos falar sobre hipotecas e uma stripper semi-nua para nos falar sobre o mercado imobiliário na Florida. Serão elementos como este totalmente necessários? Anthony Bourdain aparece para nos explicar um termo financeiro e está completamente vestido.


The Big Short poderia ser descrito como se tratasse de uma anomalia ou, pior, um projecto de vaidade ou prestígio de alguém que está a tentar algo diferente. Ainda assim, é um retrato de como os líderes mundiais nem sempre têm o interesse dos comuns em mente enquanto tomam decisões arriscadas. É uma das mais divertidas lições sobre história contemporânea e matemática dos últimos tempos.

Canal FOX renova "Empire" e "Scream Queens"


O canal FOX anunciou a renovação da segunda temporada de Scream Queens, série de comédia que apresenta uma história diferente por temporada. Sabe-se que alguns dos actores originais regressarão para a nova temporada, mas desconhece-se se voltarão a interpretar as mesmas personagens. A primeira temporada da série foi vista por cerca de 2,78 milhões de espectadores - número bem abaixo dos 5,8 milhões de média do canal.

Empire, o grande sucesso da estação, garantiu também uma renovação para a sua terceira temporada. A segunda temporada, actualmente em exibição, tem registado a média de 12,2 milhões de espectadores, que chega aos 21,2 milhões se somarmos o DVR dos primeiros sete dias, bem como de outras plataformas. Taraji P. Henson venceu recentemente um Globo de Ouro de Melhor Actriz em Série de Drama pela sua interpretação.