Um Segredo Muito Nosso, por Carlos Antunes

Título original: Fireflies in the Garden
Realização: Dennis Lee

Argumento: Robert Frost e Dennis Lee

Elenco: Ryan Reynolds, Willem Dafoe, Emily Watson, Carrie-Anne Moss, Julia Roberts e Hayden Panettiere

Um segredo muito nosso é um drama que vagueia no tempo como assim lhe exigem as relações das suas personagens.
As ramificações presentes não podem ser isoladamente vistas, precisam desse passado, mais do que para serem explicadas, para se explanarem em toda a sua complexidade.

Aqui vive-se a hipótese da redenção.
Quanto uma grande tragédia aflige uma família bastante estilhaçada, parece que não há outra hipótese senão desagregar-se de vez, mas há uma surpreendente força que os torna a unir.
Abre-se a porta à revisão menos condicionada dos eventos, a realidade do outro matiza, finalmente, a daquele que a encara.

O filme não tem medo de exibir os confrontos intensos e palpáveis que ocorrem e que levaram as personagens a tais pontos nas suas vidas entecidas.
Mas, ao mesmo tempo, deixa espaço à especulação. A sugestividade dos espaços de permeio são tão intensas quanto a própria realidade do que aconteceu.
Essa é a sua riqueza, a sua miríade de perguntas no seio de uma série de respostas que seriam desde logo suficientes.

O conjunto de actores, compreensivelmente um pouco sobreaproveitado quando o seu trabalho tem de ser discreto e breve, dá boa conta do mosaico.
E Um segredo muito nosso revela-se uma filme assaz interessante, ainda que não brilhante.