Os maiores vilões da Disney

Depois de terem feitos os tops Disney, sugeri aos meus convidados um desafio de última hora: votarem nos seus 5 vilões preferidos, atribuindo-lhes pontos de 5 a 1. Daí surgiu o top que se segue. Mas o desafio não ficou por aí, pois pedi a cada um dos que participaram nesta segunda parte que escolhessem um actor para interpretar um dos vilões. Confesso que adoro as escolhas e mais uma vez muito obrigada aos participantes por aceitarem tudo o que lhes proponho, mesmo que os obrigue a pensar de um dia para o outro e não tenham quase tempo para decidir.

Úrsula (A Pequena Sereia) - Kathy Bates

Devo começar por admitir (apesar de conhecer pelo menos três pessoas que facilmente me apedrejariam por fazê-lo) que aprecio The Little Mermaid de forma moderada, tendo-o incluído no meu Top 10 em grande parte por medo de futuras represálias. Isto apesar de ter aquela que será eventualmente a minha segunda princesa favorita da Disney. Mas o desafio diz respeito aos vilões e, tendo-me saindo na sorte a Ursula, não consegui encontrar nenhuma actriz melhor adequada para a representar que Kathy Bates. Tentei, e ocorreram-me algumas opções, mas a verdade é que Bates é a escolha perfeita pois, para além das semelhanças físicas, e apesar de ser uma actriz dotada de imensa versatilidade, nasceu para interpretar antagonistas e marginais, tendo-nos presenteado com papéis recheados de loucura, crueldade e ganância, mas nunca descurando o humor. E essa é, convenhamos, a descrição perfeita de Ursula. - Pedro Ponte

Maléfica (A Bela Adormecida) - Cate Blanchett

Esta tarefa foi talvez tão hercúlea quanto a de escolher dez filmes Disney favoritos. Estamos, afinal, a falar da que é considerada a maior vilã do universo Disney, capaz de qualquer coisa só para provar o seu poder, capaz de tanto mal e tanto ódio que não olha a meios nem ninguém a pára. Exactamente. Estamos a falar de MALEFICIENT, a vilã de "Sleeping Beauty".

Para poder justificar melhor o porquê da minha escolha, peço-vos um pouco de paciência e de imaginação. Preciso que imaginem a Maleficient em forma humana. Pele clara e macia, corpo - e em especial a face - alongada, com traços bem distintos. Peço também que imaginem este retrato com a componente psicológica. Precisamos de uma actriz versátil, temerária, cuja presença no ecrã imponha respeito, que consiga moldar o seu modo de falar para um sotaque ou pronúncia digamos mais imperial e precisamos sobretudo de uma actriz que consiga incorporar toda a maldade e todo o medo que Maleficient impõe nas pessoas.

A minha primeira escolha foi óbvia: Meryl Streep. Bem sei que é cliché, que é o primeiro nome em quem toda a gente pensa, mas a verdade é esta: quem não acha que o papel foi feito para a Meryl há 20 anos atrás? Eu não tenho dúvida. As minhas segundas escolhas eram razoáveis, mas também pecavam um pouco em termos de idade: Julie Christie e Sissy Spacek. Então comecei a pensar mais novo. E fui cair direitinho na pessoa que se tornou a minha escolha.

CATE BLANCHETT. Conseguem imaginar, não? Altivez. Ar de diva. Impõe respeito. Versátil. Timing e pronúncia de falas (diga-se em inglês: line reading) impecáveis. Na idade apropriada para Maleficient. Face muito distintiva, traços alongados. E aquele sotaque dela. Tão sofisticado. Bónus: foi brilhante como Galadriel. Além disso, poucas actrizes conseguiriam safar-se tão bem como vilãs (foi a melhor coisa do novo Indiana Jones). É por tudo isto que referi acima - e por não ter encontrado melhores alternativas - que eu escolho Cate Blanchett para Maleficient.

Se pudéssemos fazer batota e escolher pessoas que já não estão entre nós, então teria que dizer que a minha escolha seria Bette Davis. Aliás, a Maleficient parece uma personificação malévola de Bette Davis. Olhem para as duas e comparem: as semelhanças são imensas e únicas. Até fisicamente. - Jorge Rodrigues

Cruella (Os 101 Dálmatas) - Bette Davis

A Cruella é a minha vilã Disney favorita. Favorita no sentido em que me aterroriza completamente. Isto deve-se a dois factores principais.

Primeiro: ELA QUERIA MATAR CACHORRINHOS PARA FAZER UM CASACO! Eu não sei quanto ao resto das pessoas, mas para mim isto é de uma crueldade e sangue-frio inacreditáveis.

Segundo factor: aquela constante expressão de tresloucada. Sempre a esbracejar e a gritar de olhos muito abertos. A cena, perto do climax do filme, em que os olhos dela se transformam em espirais de insanidade deixavam o meu eu de quatro anos (e vá, o meu eu de vinte e um) aterrada. Tenho um respeito enorme pela Cruella porque ela, muito pura e simplesmente, mete(-me) medo.

Com isto tudo em mente, foi-me bastante complicado escolher uma actriz de carne e osso. Nenhuma me parecia digna. Nem a Glenn Close.

Foi então que me surgiu a resposta que, para mim, é tão óbvia que nem sei como não me lembrei logo: Bette Davis. Ela não tem as feições aguçadas da Cruella, mas a expressão tresloucada e aterradora está la. Todinha.

A personagem da Bette Davis em What Ever Happened to Baby Jane provoca-me a mesma sensação de terror que me provoca a Cruella. A Bette Davis interpretaria a Cruella na perfeição: fria e calculista, mas desvairada ao mesmo tempo e desprovida de qualquer emoção remotamente parecida com amor ou carinho. E aquele olhar de louca, sempre aquele olhar.- Ana Luísa Cardoso

Scar (O Rei Leão)- Ralph Fiennes

Apesar de ser quase impossível não associar Jeremy Irons (o actor que, originalmente, lhe deu a voz e a figura) a este fantástico vilão da Disney, é grande a minha curiosidade em ver o que Ralph Fiennes faria na pele de Scar.

O seu subtil sotaque britânico, o semblante calculista e uma compleição resolvida mas atlética são alguns argumentos que sustentam a minha escolha. Contudo, é a sua capacidade provada para desempenhar vilões cinematográficos que quero destacar. Para além da óbvia referência que é Voldemort, na saga HARRY POTTER, Fiennes interpretou dois dos "monstros mundanos" mais inesquecíveis dos últimos 20 anos: o capitão Amon Goeth, em A LISTA DE SCHINDLER, e Harry Water, o hitman "consciencioso" de EM BRUGES.

Se O REI LEÃO fosse produzido hoje, a escolha de Ralph Fiennes para Scar não surpreenderia ninguém. - Samuel Andrade

The Horned King/Rei Chifres (O Caldeirão Mágico) - Christopher Lee

Escolher um actor para interpretar o Horned King revelou-se uma tarefa um pouco mais difícil do que esperava. Afinal de contas, eis um personagem que nada tem de humano, com face e corpo esqueléticos, sempre vestido de túnica e capuz, vivendo acima de tudo da sua presença que depende acima de tudo não do seu corpo mas antes de outro importante elemento físico: a voz. Ao pensar nas várias hipóteses, este foi sem dúvida o elemento mais importante. Tinha de ser um actor com uma voz imponente, poderosa, até mesmo algo Shakesperiana. De tom negro, forte e assustador. Pensei em maioritariamente três hipóteses: Brian Cox, Anthony Hopkins e Hugo Weaving. Eventualmente, acabaria por me decidir por nenhum desses três.

Hugo Weaving foi rapidamente excluído. Não tem a idade necessária para o papel (afinal de contas, no original a voz era a de John Hurt, já com uma certa idade), e não daria à personagem a ideia de idade avançada e de terror intemporal que esta precisa. Sobraram, então, Cox e Hopkins, ambos com vozes excelentes para o papel, mas com Hopkins a destacar-se pelo seu tom mais imponente e timbre mais grave e decidido. Mas surgiu aqui um grande pequeno problema: Hopkins é baixo o gordo, e o Horned King é alto e esquelético. A enorme presença física de Hopkins vem, acima de tudo, da sua voz e da sua face, com um olhar e expressões faciais que conseguem intimidar qualquer um (veja-se aquele seu sorriso em Silence of the Lambs, por exemplo). Mas em Horned King a presença física que tanto intimida vem do todo: da voz e da estatura. Vem da altura, daquelas mãos esqueléticas, daqueles olhos vermelhos, daquela face que nada tem de vivo e muito tem de morto. Hopkins não era indicado; e quando ficou de fora da corrida e me vi frente a frente com este problema, o candidato perfeito tornou-se óbvio: Christopher Lee.

Voz de timbre ainda mais grave e poderoso; alto e esquelético, com uma presença física ameaçadora; com o próprio actor já a ser encarado como um verdadeiro ícone do mal representado no Cinema (já foi de tudo desde Saruman a Drácula); Christopher Lee é o ideal. Facilmente o podemos em inúmeras das cenas do filme (o final, por exemplo), movimentando-se de forma lenta e tenebrosa, com uma túnica cor de sangue a esvoaçar atrás de si. Adicionavam-se algumas próteses para ajudar nas mãos e na cabeça (uma pista: o vilão chama-se Horned King), e tinha-se em pessoa aquele que considero pessoalmente como um dos mais ameaçadores e melhores vilões do estúdio. Presença física e voz perfeita: Christopher Lee era o ideal. Afinal de contas, temos aqui a representação do mal intemporal e absoluto, fora do mundo dos vivos. Poderia haver alguém melhor? - Gonçalo Trindade

Rainha Má (Branca de Neve e os Sete Anões) - Zoe Saldana

- Carlos Martins

Gaston (A Bela e o Monstro) - Hugh Jackman

Devo confessar que fiquei particularmente excitada quando soube que me tinha calhado o Gaston, porque é um dos meus personagens favoritos. Escolhi o Hugh Jackman não só por ser um belo espécime masculino com um físico impressionante, e ficar bem de patilhas, mas porque também sabe cantar e dançar, bem! Muito bem! O "Bela e o Monstro" foi criado à semelhança de um musical da Broadway, e depois de ter visto a sua apresentação nos Óscars há uns anos, acho que não tive dúvidas.

Depois de ter feito a minha escolha e de me sentir muito satisfeita com ela, descobri no Youtube que o actor já encarnou de facto o personagem, na tour australiana do "A Bela e o Monstro". Foi pura coincidência juro, mas agora acredito que até daria uma boa caça-talentos da Broadway! De qualquer forma, como diz a canção (versão português do Brasil), tanto o Gaston como o Hugh Jackman são "o tipo de homem impressionantes". - Tchetcha